Futebol

Goleada do Vasco sobre o Santos marcará as próximas decisões de Diniz

O Vasco leva mais do que a injeção de ânimo de um placar tão expressivo. O resultado memorável deixará marcas também nas próximas decisões que Fernando Diniz precisará tomar. É impossível assegurar que o time não será capaz de se exibir assim com Vegetti, ausente ontem. Da mesma forma, é injusto apagar da memória os tantos pontos que já garantiu ao Vasco em momentos difíceis de um clube que vem tentando se reencontrar há alguns anos. No entanto, a goleada do Morumbis dá argumentos potentes para que a formação de ontem passe a ser, pelo menos, um plano mais frequente de Diniz.

O treinador causou a primeira surpresa pela forma como dispôs seus homens ofensivos em campo. David partia do lado esquerdo, Rayan da direita, enquanto Coutinho e Nuno Moreira se moviam a partir do centro do ataque. Nenhum deles, obviamente, como um centroavante. Um desenho que trouxe diversos benefícios ao time e aos jogadores.

Quando o Vasco tinha a bola em posses um pouco mais longas, criava de maneira mais natural as aproximações que caracterizam o jogo do treinador. Coutinho participava desde a saída de bola, aparecia como articulador e surgia perto da área. Nuno Moreira, com uma notável leitura de espaços, fez excelente partida. E o time fluía em sua versão mais “dinizista” desde que o treinador assumiu o cargo.

Já quando precisava contragolpear, o Vasco tinha escape com Rayan, David ou com os laterais — um cenário que se ofereceu especialmente após o primeiro gol.

Autor de dois gols, Coutinho foi muito beneficiado. As possibilidades de troca de passes curtas, com opções próximas, resultaram na melhor exibição dele desde a volta ao clube. Claro que as circunstâncias são diferentes, assim como as características dos jogadores. Mas o mesmo Diniz que fez Ganso viver seus melhores momentos há duas temporadas, talvez tenha encontrado um contexto para o camisa 10 do Vasco se aproximar de suas virtudes.

Tudo isso não significa dizer que Vegetti será um empecilho para o Vasco jogar tão bem quanto ontem. Mas, diante do tipo de jogo, da identidade de time que Diniz costuma criar em suas equipes, era indisfarçável a sensação de que o argentino vinha tendo dificuldades para render. Seja por sua fase técnica, seja por adaptação ao estilo. Por ora, é difícil definir.

E, como sempre, resultados assim recomendam evitar o açodamento para decretar que nasceu um novo Vasco. Primeiro porque, até antes dos 2 a 0, o jogo ameaçou ganhar outra cara. E depois, porque o rival se desmobilizava de maneira gritante conforme o placar crescia. De todo modo, é mérito do Vasco ter transformado o espaço em grandes jogadas, belos gols e uma goleada marcante para uma torcida que merecia uma tarde assim.

Quanto a Neymar, não é possível, nem justo, culpá-lo pela goleada. No entanto, em seus dez jogos pelo Brasileiro, raramente foi determinante para mudar resultados. Sua última partida antes da convocação da seleção, a maior derrota de sua carreira, reforçou a sensação de que sua volta à lista seria precoce.

Líder

O primeiro tempo no Beira-Rio foi uma espécie de jogo de gato e rato. O Flamengo atraía o Internacional para sua saída de bola e explorava os espaços às costas; em outros momentos, atraía os colorados para um lado, até inverter o jogo. O controle absoluto saiu da prancheta do técnico Filipe Luís, e do restante se ocuparam Pedro e Arrascaeta, destaques da vitória. O jogo de quarta-feira, no entanto, promete ser totalmente diferente.

Apito I

As mazelas da arbitragem brasileira criam a ilusão de que somos uma ilha de problemas cercada por virtudes. Mas o primeiro fim de semana da temporada europeia trouxe, ao menos, duas questões graves. Na Espanha, o gol de Ferran Torres foi marcado enquanto jogadores hesitavam em seguir no lance: um defensor do Mallorca fora atingido por uma bolada na cabeça e, tonto, caiu. Errou o árbitro, e faltou desportividade ao Barcelona.

Apito II

Já o primeiro clássico da Premier League foi decidido por uma crescente controvérsia no futebol inglês. Em um escanteio, o goleiro do Manchester United foi bloqueado, num movimento cada vez mais usado pelo Arsenal e por outros times. Em boa parte do mundo, lances como aquele são interpretados como falta, já que Saliba move o corpo e até o braço para impedir o deslocamento do goleiro Bayindir, do United. A Premier League adota leis próprias.

Resultados escandalosos como o do Morumbis não se explicam apenas por um fator. Então, será possível pensar na melhor atuação do Vasco nos últimos anos, na mudança de sistema feita por Fernando Diniz, na grande influência de Coutinho, nos gols que o Santos desperdiçou quando ainda perdia por 1 a 0, na desmobilização santista após o Vasco marcar pela segunda vez, nas dificuldades defensivas do time paulista. Cada um destes fatores tem uma parte num placar que será lembrado por alguns anos: pelo que o Vasco jogou e, claro, porque ninguém jamais achará normal ver uma estrela como Neymar do lado derrotado de um 6 a 0.

Fonte: Carlos Eduardo Mansur - O Globo
  • Domingo, 17/08/2025 às 16h00
    Vasco Vasco 6
    Santos Santos 0
    Campeonato Brasileiro - Série A Morumbis
  • Quarta-feira, 20/08/2025 às 19h00
    Vasco Vasco
    Juventude Juventude
    Campeonato Brasileiro - Série A Alfredo Jaconi
  • Domingo, 24/08/2025 às 16h00
    Vasco Vasco
    Corinthians Corinthians
    Campeonato Brasileiro - Série A São Januário
  • Domingo, 31/08/2025 às 20h30
    Vasco Vasco
    Sport Sport
    Campeonato Brasileiro - Série A Ilha do Retiro
Artilheiro
Pablo Vegetti 22
Jogos
Vitórias 14 (31,11%)
Empates 15 (33,33%)
Derrotas 16 (35,56%)
Total 45
Gols
Marcados 59 (53,15%)
Sofrido 52 (46,85%)
Total 111
Saldo 7
Cartões
Amarelos 103 (95,37%)
Vermelhos 5 (4,63%)
Total 108