Em 2013, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio surpreendeu o mundo ao ser eleito o primeiro papa nascido na América do Sul. Durante os 12 anos à frente da Igreja Católica, Francisco nunca escondeu sua paixão pelo futebol. Pelo contrário, fazia questão de lembrar que era torcedor fanático do San Lorenzo, um dos cinco gigantes da Argentina.
Com a morte de Francisco, um novo conclave para eleger o próximo pontífice será realizado a partir desta quarta-feira. Participam da votação 133 cardeais, entre eles sete brasileiros com direito a voto e um que não pode votar, mas pode ser eleito papa.
Nenhum deles é apontado pelos especialistas em Vaticano entre os principais favoritos para suceder Francisco. Mesmo assim, a pergunta fica no ar: se o próximo papa for brasileiro, para qual time ele torce?
O ge conversou com assessores próximos, amigos, familiares e alguns dos cardeais brasileiros para responder a questão e descobriu que todos eles têm um time do coração.
Último do grupo a ser promovido cardeal, Dom Jaime Spengler é um dos mais ligados ao futebol. O catarinense natural de Gaspar é torcedor do Internacional. Na posse como arcebispo de Porto Alegre, em 2013, recebeu uma camisa colorada como presente de outro religioso muito ligado ao Inter, o ex-padre Claudionir Ceron, embaixador do clube.
Dom Jaime, que também preside a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), adota um tom poético sempre que perguntado sobre a rivalidade Gre-Nal no Rio Grande do Sul:
"Faço torcida por aquele time que tem como referência uma cor quente. O azul, sabemos a partir da arte, ser cor fria!"
O único cardeal gaúcho que participará do conclave não torce para um time de sua terra. Nascido em Cerro Largo, Dom Odilo Scherer se declara torcedor do Athletico-PR e do Santos. Ele mesmo confirma a simpatia em dose dupla.
O atual arcebispo do Estado de São Paulo viveu muitos anos no Paraná, o que justifica suas escolhas. Dom Odilo participou do conclave que elegeu Francisco e, à época, chegou a estar entre os cotados para suceder o papa Bento XVI.
Outro cardeal santista é o arcebispo do Rio de Janeiro, segundo assessores próximos. Dom Orani Tempesta é natural de São José do Rio Preto (SP) e faz parte do quarteto de cardeais brasileiros que torce para um clube do estado natal.
Os times do coração dos cardeais brasileiros:
* Não pode votar no conclave, mas pode ser eleito papa
Dom Paulo Cezar Costa, Dom Leonardo Ulrich Steiner, Dom Odilo Scherer, Dom Jaime Spengler, Dom Raymundo Damasceno Aviz, Dom Sergio da Rocha e Dom Orani João Tempesta — Foto: Arquidiocese de Brasília /Reprodução Instagram
O Palmeiras também tem uma chance em dobro de ser o time do coração do novo papa. O cardeal João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, foi torcedor palmeirense "quando era mais moço", segundo um familiar. Hoje mais reservado, Dom João não cultiva a mesma paixão pelo futebol.
O cardeal Sergio da Rocha, que comanda a Arquidiocese de Salvador, já esteve em listas entre os papáveis, segundo especialistas em Vaticano. Nascido no interior paulista, ele também se declara torcedor do Verdão.
Já os clubes cariocas dividem a torcida de dois cardeais. Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, é torcedor do Vasco. Raymundo Damasceno Aviz, arcebispo emérito de Aparecida-SP, é botafoguense. Dom Damasceno é o único cardeal brasileiro que não pode votar no conclave, já que possui mais de 80 anos. Mesmo assim, pode ser escolhido papa.
A Arquidiocese de Manaus é comandada por um arcebispo que não torce por nenhum gigante do futebol brasileiro. Natural de Forquilhinha-SC, Dom Leonardo Steiner nutre simpatia pelo Criciúma, que atualmente joga a Série B.
Conhecido como o cardeal da Amazônia, subiu nos últimos dias na lista dos favoritos para assumir o trono de São Pedro. Um padre que assessora e acompanha o cardeal no Vaticano revelou ainda que Steiner também torce para a Inter de Milão, da Itália, que na terça-feira conquistou vaga na final da Liga dos Campeões da Europa em uma partida épica contra o Barcelona.