O Vasco mudou de postura e fez um jogo competitivo contra o Flamengo, neste sábado, no Maracanã. O time de Fábio Carille vinha de uma partida muito ruim contra o Ceará e de desempenhos fracos contra o maior rival, mas o roteiro do jogo válido pela 5ª rodada do Brasileirão foi diferente. O Vasco ameaçou o gol adversário e fez um bom jogo, apesar de ter saído com o empate graças a Léo Jardim.
Desfalcado de três potenciais titulares — Lemos, Tchê Tchê e Adson —, Carille optou por não mexer na estrutura do time. Ele manteve a defesa com João Victor e Freitas, escolheu Jair no meio de campo e Rayan no ataque. Paulinho e Garré, que vinham de atuações ruins, tornaram-se opções no banco.
Bom 1º tempo no ataque
Não é exagero pensar que o Vasco poderia ter feito o primeiro gol da partida. O time começou bem, atacou o Flamengo e teve duas grandes oportunidades antes dos 15 minutos. A primeira foi com Paulo Henrique, em um belo chute de fora da área que carimbou a trave. A segunda foi com Nuno Moreira, depois de uma grande jogada de Hugo Moura pela direita. O português deixou Wesley no chão e finalizou para ótima defesa de Rossi.
No entanto, dos 15 minutos até os 30 do primeiro tempo, só deu Flamengo. O time de Filipe Luís tinha superioridade numérica na saída de bola, no meio de campo e no lado direito da defesa do Vasco.
Isso porque o Flamengo saía jogando com um tripé entre Léo Ortiz, Léo Pereira e Ayrton Lucas na defesa. Wesley abria na ponta direita, e Michael abria na esquerda. O Rubro-Negro acumulou Arrascaeta, Michael, Gerson, De La Cruz e Bruno Henrique em um setor que tinha somente Jair, Paulo Henrique e João Victor. A sorte é que atrás da defesa vascaína havia Léo Jardim, que fez duas grandes defesas no primeiro tempo.
O Vasco equilibrou o jogo nos últimos 15 minutos da primeira etapa, mas deu vacilos na defesa em saídas de bola e chamou o Flamengo para o ataque. Em contra-ataques vascaínos, faltou capricho no último passe para fazer a bola chegar à área melhor para Vegetti.
Chances com Rayan e milagres de Jardim
O segundo tempo já começou com uma grande chance desperdiçada pelo Vasco, em uma jogada que o time pouco explorou na partida. João Victor deu lindo lançamento para Rayan nas costas da defesa. O jovem atacante vascaíno atropelou a defesa rubro-negra e invadiu a área. Era só finalizar ou rolar para Vegetti abrir o placar na segunda trave. No entanto, ele cruzou muito mal de direita, e o camisa 99 só alcançou a bola com a mão. Era lance claro de gol.
O Vasco voltou com uma postura diferente no segundo tempo, que deu certo durante 20 minutos. O time de Fábio Carille freou o ímpeto do lado esquerdo do ataque do Flamengo, corrigindo a superioridade numérica dos rubro-negros no setor. Rayan recompôs mais a linha defensiva e freou os avanços de Ayrton Lucas, Arrascaeta e Michael. O cenário mudou depois que entraram Plata, Pedro e Everton Cebolinha do lado adversário, e no Vasco entrou Garré.
— Pelo lado direito, foi nossa maior dificuldade no primeiro tempo: o Rayan estava subindo no lateral e o Arrascaeta caindo ali e o Michael prendendo o PH. Como é um time que tem muitos jogadores por dentro, ficava ruim de o Jair sair para abrir o meio, que era o que eles queriam. Então, no segundo tempo, eu trouxe o Rayan para ficar na linha do Jair, e o Arrascaeta não ter o espaço na nossa última linha. Só foi isso. Trazer o Rayan para a linha dos volantes, deixando o lateral com a bola e teve uma mudança significativa — disse Carille.
O argentino entrou desconectado da partida, errando muito a sequência dos contra-ataques do Vasco. Além disso, a entrada de Garré fez com que Rayan fosse para a esquerda. Eles não foram bem no segundo tempo. O Flamengo empilhou chances pelo alto, em cobranças de escanteio e faltas laterais. A defesa ficou devendo pelo alto.
A última chance do Vasco no jogo foi com Rayan mais uma vez. Aos 28 minutos, o atacante acreditou em um lance no qual a bola ia sair pela linha lateral. A defesa do Flamengo parou, e o jovem vascaíno chegou à linha de fundo para cruzar, livre, na área. Rayan cruzou a bola nas mãos de Rossi e desperdiçou mais uma jogada no ataque.
Dos 26 minutos do segundo tempo até o último segundo do jogo, foi um bombardeio aéreo do Flamengo. O Vasco perdeu força no ataque sem seus principais jogadores, Coutinho e Nuno Moreira, e as entradas de Garré, Zuccarello e Alex Teixeira caíram o nível do time, que se defendeu nos minutos finais.
O Flamengo levou muito perigo pelo alto e obrigou Léo Jardim a fazer, no mínimo, três grandes defesas. A atuação do goleiro do Vasco rendeu até elogio público dos adversários.
Tranquilidade para Carille e autoestima para Sul-Americana
Carille chegou ao clássico deste sábado pressionado no cargo de técnico do Vasco. A pressão iniciou ainda no Campeonato Carioca, depois das três derrotas para o Flamengo. Além dos resultados, as atuações do time foram ruins e incomodaram a diretoria.
Depois do péssimo jogo do Vasco contra o Ceará, o time de Fábio Carille mudou totalmente a postura em relação ao jogo de terça-feira. Com um nível de concentração maior, com um time mais combativo e mais ofensivo, o Vasco fez um jogo muito melhor do que havia mostrado em campo em 2025 contra o maior rival. Mais que isso: mostrou que pode ameaçar o gol adversário, sem precisar apenas se segurar no campo de defesa.
No segundo tempo, depois das mudanças dos dois técnicos, a diferença entre os elencos sobressaiu, e o Flamengo dominou a partida. Mas o Vasco mostrou que pode mais e saiu de campo sem sofrer gols contra um time que está no topo da tabela do Brasileirão.
O empate e a boa atuação do time dão mais tranquilidade a Fábio Carille no comando técnico do Vasco. Com sete pontos em cinco rodadas do Brasileirão, a equipe volta as atenções para a Sul-Americana, competição na qual já tem uma decisão na terça-feira, contra o Lanús. É vencer ou vencer em São Januário, no confronto direto pela liderança do grupo.