Depois de um período de adaptação ao modus operandi da SAF e de mapeamento do mercado da bola, Alexandre Mattos acelerou o desfecho de algumas negociações ao completar um mês no Vasco, o que ocorreu na sexta-feira passada. O novo diretor esportivo foi decisivo para fechar com o zagueiro João Victor e com o atacante David, segundo apurou o Jogada10. Além disso, vem utilizando sua credibilidade para ratificar que o Cruz-Maltino, hoje, voltou a ser uma potência. Afinal, já gastou mais de R$ 80 milhões nesta janela de transferências.
O nome de Mattos foi consenso em São Januário desde o início. Para os executivos da 777 Partners que não o conheciam, bastou ver seu currículo de montagem de elencos e títulos para entender que o Vasco, ao contratá-lo, também mandaria um recado ao meio do futebol. Ele, então, desembarcou no Rio de Janeiro no dia 12 de dezembro, passou alguns dias entre o CT Moacyr Barbosa e a sede da empresa norte-americana até viajar para os Estados Unidos. De lá, participou de reuniões virtuais com agentes e presenciais com os próprios sócios da 777, em Miami, para se familiarizar com o funcionamento de uma SAF estrangeira.
No entanto, o primeiro reforço só surgiu no último dia 29, quando a torcida já começava a ficar apreensiva. Afinal, a equipe de 2023 mostrou reação no segundo turno do Brasileirão, mas teve altos e baixos na reta final e só se livrou do rebaixamento na última rodada, com a vitória dramática sobre o RB Bragantino. O anúncio oficial de João Victor, ex-Benfica, saiu no dia 31, como um presente de Réveillon. O custo da negociação, porém, assustou um pouco: R$ 32 milhões por um atleta que vem em baixa. Quem apostou no potencial foi Alexandre Mattos e, por isso, levou algum tempo para convencer os chefes. Outros clubes o queriam, mas por empréstimo, com baixo risco.
Coletiva deixa torcida cética
Devido às dificuldades burocráticas e a aparente baixa movimentação no mercado, surgiu a informação de que o diretor não estava satisfeito e que temia pelo projeto. Logo, o Corinthians e até a Seleção Brasileira apareceram como opções para tentar levá-lo. Mattos negou que houvesse qualquer contato e, enfim, deu sua primeira entrevista coletiva, em 8 de janeiro, para garantir que está de corpo e alma no projeto do Vasco. No dia anterior, havia fechado com o atacante David, que pertence ao Internacional e que estava no São Paulo. Ele, inclusive, havia tentado a contratação dele para o Athletico-PR anos atrás. O paraguaio Rojas, outro zagueiro, também chegou por empréstimo.
Na sabatina, que durou cerca de uma hora, aproveitou para rechaçar a fama de que só pega trabalhos com muito dinheiro para gastar. De fato, quando Cruzeiro e Palmeiras o contrataram, ambos estavam em situação difícil e depois deslancharam. Dessa forma, apesar do orçamento de R$ 250 milhões para o futebol nesta temporada, o diretor enfatizou que o trabalho atual segue o padrão de “a médio e longo prazo”. Aliás, repetiu o termo 18 vezes na coletiva, tornando a deixar os vascaínos céticos.
“Só trabalhei em times com dificuldades financeiras. Não tinha base, tinha pouca estrutura, com o tempo, com o desenvolvimento de ideias, as coisas foram acontecendo. A Crefisa (patrocinadora do Palmeiras) entrou logo depois da minha chegada. Foi com investimento, com responsabilidade, que montamos aquele Palmeiras. A Crefisa foi aumentando o investimento, e jogadores foram vendidos por 30 milhões de euros (hoje, R$ 160 milhões). O Cruzeiro de 2012 foi a mesma coisa. Não tinha investimentos, quase caiu. Tinha estrutura sólida, mas sem grandes investimentos. Jogadores desconhecidos, mas muito criticados. Levamos Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, levamos porrada, porque eram apostas. Levamos alguns experientes, reclamavam também. E parou bicampeão brasileiro”, relembrou.
Mattos e Vasco engrenam no mercado
De lá para cá, mais um jogador chegou e outro está bem perto do acerto. O atacante Adson foi comprado junto ao Nantes por 5 milhões de euros (R$ 26 milhões), na mesma linha de João Victor, de 25 anos: jovem (22) e com potencial para revenda. Tipo de perfil, aliás, com que a 777 Partners sonha. Além dele, o volante Juan Sforza, do Newell’s Old Boys, deve ser o novo camisa 5. Os moldes do negócio estão sendo debatidos, como a forma de pagamento e os bônus em metas alcançadas. O custo inicial será de 5 milhões de euros.
Com isso, somariam cinco reforços em um intervalo de menos de 20 dias. No caso de Sforza, o anúncio talvez não ocorra até o fim da participa. Os próximos alvos, agora, são um lateral-esquerdo para fazer sombra a Lucas Piton, um centroavante para disputar a posição com Pablo Vegetti e talvez mais um ponta. Afinal, o Vasco não renovou com Alex Teixeira, emprestou Figueiredo e vendeu Gabriel Pec ao LA Galaxy, dos Estados Unidos, pelo valor-base de 10 milhões dólares (R$ 48 milhões).
Nesta transação, por sinal, Mattos deu a entender que não estava a favor, pois tanto ele quanto a comissão técnica de Ramón Díaz contavam com o futebol do atacante. Mas o clube da MLS melhorou ainda mais as condições da proposta, e a 777 não resistiu.
Situação das negociações públicas do Vasco:
Comprado: João Victor (zagueiro, R$ 32 milhões) e Adson (atacante, R$ 25 milhões)
Por empréstimo: Rojas (zagueiro, R$ 1 milhão), Praxedes (meio-campo, R$ 1 milhão) e David (atacante, sem custos)
Muito perto: Juan Sforza (volante, R$ 25 milhões)
Desejo: Luciano Rodriguez (atacante, R$ 70 milhões é a pedida do Liverpool-URU)