Quando o torcedor vascaíno relembra as escalações que perpassaram o eterno "Expresso da Vitória" três nomes são citados em praticamente todos os momentos vencedores da década: Ely, Danilo e Jorge.
Como unha e carne, a trinca histórica do meio-campo do Vasco perfilou junta pelos campos de futebol com a cruz de malta de 1946 a 1954 e participou de um dos períodos mais vitoriosos da história do clube. Uma das melhores linhas de meio-campo de todos os tempos, o trio completou, em 2024, 70 anos de sua temporada de despedida pelo Vasco.
A formação do trio
Jorge foi o primeiro a chegar no Vasco, em 1943, mas participava apenas do quadro de aspirantes do clube. Lateral-esquerdo de origem, o pernambucano fez suas primeiras aparições no time profissional em 1946.
Ely do Amparo chegou em 1944. Era o capitão do Canto do Rio quando foi contratado pelo Vasco do então treinador Ondino Viera. Volante e lateral, era considerado um verdadeiro "xerife" do Expresso da Vitória.
Por fim, Danilo Alvim, também chamado de "Príncipe", chegou ao Vasco em 1946, após dois anos no America. O meia, conhecido por sua elegância e dribles curtos, já havia sido companheiro de Ely nos tempos de Canto do Rio, em 1943.
Os holofotes foram apontados para o trio em 1947, quando o Vasco sagrou-se campeão carioca invicto, com 17 vitórias e três empates, sob o comando do técnico Flávio Costa. O time-base era formado por: Barbosa, Augusto e Rafanelli (Wilson); Eli, Danilo e Jorge; Djalma (Nestor), Maneca, Dimas (Friaça), Lelé (Ismael) e Chico.
Com cada vez mais destaque, os três foram carinhosamente apelidados pela torcida como o trio "Arroz, Feijão e Carne-Seca": Arroz (Danilo), Feijão (Eli do Amparo) e Carne Seca (Jorge).
Primeiros campeões continentais do mundo
Um dos maiores orgulhos do torcedor vascaíno, certamente, está no título do Campeonato Sul-Americano de 1948. Essa foi a principal conquista da galeria de Ely, Danilo e Jorge pelo clube.
A competição foi organizada no Chile, com todos os jogos realizados no Estádio Nacional, inaugurado dez anos antes. Naquela época, a FIFA, a Conmebol e a Uefa se dedicavam exclusivamente à organização de jogos e competições de seleções.
Assim, coube ao Colo-Colo centralizar a organização do torneio. Além do time chileno e do Vasco, foram convidados outros cinco clubes de campeões em países sul-americanos:
River Plate - campeão argentino de 1947 com uma equipe conhecida por "La Maquina".
Nacional - campeão uruguaio de 1947.
Emelec - campeão de Guayas (região de Guayaquil) de 1946. O campeonato de 1947 foi suspenso em decorrência do Sul-Americano de Seleções.
Litoral - campeão de La Paz (principal competição boliviana) de 1947.
Municipal - vice-campeão peruano de 1947. O Atlético Chalaco, campeão, sofreu vários desfalques e não pôde enviar um time ao torneio.
Com o trio titular, o Vasco sagrou-se campeão no último confronto do torneio diante da chamada "La Máquina" de River Plate, do então jovem Di Stéfano. Por ter a melhor campanha, os brasileiros precisavam apenas de um empate no confronto final para conseguir o título. Dito e feito: 0 a 0 no placar e a primeira taça continental da história voltava para o Brasil para ser exposta com orgulho na sala de troféus do clube carioca.
Números do trio
O livro "Almanaque do Vasco", obra com mais de 5.994 jogos disputados pela equipe principal do Vasco da Gama de 1916 até abril de 2019, escrito por Alexandre Mesquita, e a equipe EstudeVasco indicam que Ely, Danilo e Jorge atuaram juntos em 205 jogos, com um incrível aproveitamento de 72,5%.
Ely, Danilo e Jorge juntos pelo Vasco (1946-1954):
⚔️ 205 jogos
✅ 137 vitórias
⛔️ 35 empates
❌ 33 derrotas
📊 72.5% de aproveitamento
Há registros de pelo menos dez títulos de Ely, Danilo e Jorge juntos no Vasco. O grupo EstudeVasco (@EstudeVasco), focado na história e em estatísticas do clube, colaborou para o levantamento da lista. Confira abaixo:
Vasco
2
Cuiabá
1
