O volante, que entrou no segundo tempo e desviou com estilo cobrança de falta de Paulinho, supera um dos piores momentos com a camisa cruz-maltina: a expulsão contra o Bahia na Fonte Nova, no último dia 3, quando foi alvo de muitas críticas também por um gol perdido naquele empate (1 a 1).
— Algo atípico na minha carreira — lamentou o volante sobre o vermelho, na ocasião.
Ontem, tudo mudou. Foi o herói de uma noite que levou o Vasco aos 26 pontos e à 15ª colocação, ultrapassando Santos, Bahia e Goiás. A terceira vitória seguida veio muito diferente das duas últimas. O time passou por muita pressão para não sofrer gol no primeiro tempo e para marcar o seu no segundo.
Foi um cenário que chegaria em algum momento: um adversário que acertou na preparação e na execução de uma proposta tática que anulasse o jogo que garantiu o ótimo segundo turno até aqui.
O primeiro tempo foi todo do América. O time da casa terminou com 14 finalizações (sete no gol) contra nenhuma do cruz-maltino. Muito por uma ótima atuação na marcação e na transição. O time de Fabián Bustos identificou a preferência do Vasco em explorar os corredores e os fechou com dobras de defensores, desarmando a superioridade numérica que os comandados de Ramón Díaz costumam criar no setor.
Com as laterais pacificadas, o time da casa passou a obrigar o Vasco a tentar ligações diretas ou circular pelo meio. Assim ganhou praticamente todas as bolas. Foi assim que fez sucessivas investidas ao gol vascaíno, muitas delas paradas em ótima noite do goleiro Léo Jardim.
Na melhor chance, Varanda bateu colocado na trave e a bola afastada sobrou para Juninho, que chutou cruzado e Martínez emendou para defesa de puro reflexo. O goleiro terminou a partida com sete defesas significativas.
O segundo tempo prometia seguir muito difícil ao Vasco, mas um lance imprudente do zagueiro Iago Maidana, que fazia boa partida pelo Coelho, tornou o jogo mais palatável para os visitantes. Com o auxílio do VAR, Maidana foi expulso após acertar cotovelada no rosto de Vegetti em um lance em que já tinha tomado a frente do centroavante cruz-maltino. Lance alvo de muitos protestos do meia Juninho e do presidente do América, Marcus Salum.
América se fecha
Com um a mais, Ramón Díaz voltou a mostrar personalidade nas substituições e colocou o time para frente. Saíram Payet — em noite praticamente nula — e Praxedes, outro que fazia jogo ruim, para as entradas de Gabriel Pec e Sebastián Ferreira, agregando presença de área. Jair e Serginho entraram minutos depois.
Com um a mais, o Vasco naturalmente teve mais espaço para jogar e conseguiu construir seus ataques, mas faltou inspiração e precisão. Principalmente porque o América abriu mão de contra-atacar para recompor a linha de cinco defensores que já tinha montado no primeiro tempo.
A partir daí, o cruz-maltino chegou mais na base da vontade do que do brilhantismo. Com a área congestionada, foram várias as tentativas de construir jogadas por fora, mas que na maioria das vezes acabavam em cruzamentos para Ferreira e Vegetti, bem marcados. Até que o gol de Jair salvou a noite e tirou o Vasco do Z4.