As menções do técnico Maurício Barbieri, em suas entrevistas coletivas, a questões de maturidade e evolução do jovem time do Vasco vêm sendo expostas na prática nas últimas rodadas. Neste sábado, na derrota por 2 a 0 para o Fortaleza, no Castelão, o time viveu o mesmo pesadelo que passou no Morumbi: dois gols sofridos no fim de um jogo que conseguiu equilibrar — e até mesmo jogar melhor em alguns momentos — contra um adversário claramente mais maduro, experiente e capaz de aproveitar os momentos certos para ganhar um jogo.
Os gols do Fortaleza, que decretaram a terceira derrota seguida do cruz-maltino, saíram justamente no momento em que Maldonado, que substituía Barbieri interinamente (por suspensão) tentava reforçar a defesa com a entrada de Rodrigo. Antes, também tinha mexido no meio e na defesa, com as entradas de Mateus Carvalho e Miranda. Por mais que tente se segurar por meio da vantagem física, ainda falta ao Vasco de 2023 a maturidade exigida para a disputa de uma Série A.
— Nos jogos contra Santos e São Paulo, fomos muito melhores. Hoje o time foi mais equilibrado, mas mesmo assim ainda falta alguma coisa para sair com o resultado. É isso que estamos buscando. Essa ansiedade acontece, são jogadores muito jovens. Estamos no caminho certo, logicamente que a gente queria um resultado diferente. Hoje poderia ser diferente, mas entregamos o jogo nesses dois lances finais — comentou Maldonado após a partida.
A dificuldade deve pesar ainda mais a situação de Barbieri, um dos principais alvos de protestos ao longo da semana passada. Com apenas seis pontos obtidos em oito jogos, a equipe permanece na zona de rebaixamento e vê a pressão crescer num projeto de futebol que não dispõe de grande paciência entre os torcedores e precisa de uma virada rápida. O próximo compromisso é o clássico contra o Flamengo, no dia 5 de junho, quando o primeiro turno chega à metade.
Mesmo pouco inspirado no segundo tempo, o Fortaleza marcou duas vezes em lances praticamente iguais, aproveitando o espaço dado a um de seus destaques da temporada pela esquerda. O ex-Vasco Thiago Galhardo venceu Léo Jardim de cabeça, após completar cruzamento de Bruno Pacheco já aos 41 minutos. Nocauteado, o cruz-maltino ainda sofreu o segundo nos acréscimos, com Silvio Romero, em novo cruzamento de Pacheco.
Problemas de tomadas de decisão e definição
Sem Pedro Raul, suspenso, a comissão técnica optou por não utilizar o centroavante reserva Rwan Cruz, que nem viajou para Fortaleza. Com Alex Teixeira centralizado e Figueiredo na ponta esquerda, o time conseguiu chegar à frente, principalmente nos contra-ataques, mas voltou a apresentar problemas de definição. Mais do que isso, tomou decisões muito ruins nas oportunidades que teve. Paulo Henrique — que ganhou chance no lugar de Puma Rodríguez — e Gabriel Pec tiveram muito volume de jogo pelo corredor direito, mas o time não tinha repertório criativo e empilhava cruzamentos de pouca qualidade. Na melhor chance, Figueiredo acertou a trave.
O Fortaleza, que teve duas chances claríssimas com Lucero (que chutou para fora) e Moisés nos inícios do primeiro e segundo tempos, parava em mais uma tarde inspirada de Léo Jardim — providencial, o goleiro fez cinco defesas significativas ao longo do jogo. É quem tem ajudado a evitar um começo de ano ainda mais turbulento para o cruz-maltino.
Na visão interna, a necessidade por reforços é clara, em especial em setores como o meio e o ataque, que mostraram esgotamento na tarde deste sábado. Nessa balança complexa entre a necessidade de evoluir um time jovem e a natural pressão por resultados da torcida, o equilíbrio pode vir justamente na chegada de nomes mais experientes. Mas ainda há muito a acontecer até a abertura da janela de julho.