O jogo contra o Coritiba começou às 19h desta quinta-feira e, se a bola continuasse rolando nesse momento, o Vasco ainda estaria atacando. Esta, pelo menos, é a impressão que o time de Ramón Díaz deixou na goleada por 5 a 1 em São Januário. A equipe foi agressiva do início ao fim.
Com campanha de G-4, o Vasco voltou a jogar futebol e coroou, diante do Coritiba, a evolução que vem apresentado sob o comando de Ramón Díaz. O técnico mudou a forma de o time jogar, mas fez isso com a ajuda dos reforços que chegaram na segunda janela.
Na última quinta, o Vasco entrou em campo com seis jogadores contratados para o segundo semestre: Medel, Praxedes, Paulinho, Payet, Rossi e Vegetti. Todos foram bem, com destaque para o trio Paulinho, Rossi e Vegetti, que acabaram com o jogo. E mais: na escalação titular não havia nenhum cria da base, algo que não se via há tempos no clube.
Obviamente é válido destacar que o Coritiba é o lanterna do campeonato não por acaso. O time visitante deu zero trabalho e foi envolvido pelo Vasco. Por outro lado, o Vasco enfrentou vários adversários teoricamente inferiores no primeiro semestre e pouco ou nada produziu. Então, longe de ser apenas demérito do Coxa, há muito mérito no trabalho de Ramón Díaz.
O Vasco tem elenco e joga bola
Um dos pontos altos do trabalho de Ramón são as opções que ele criou. Hoje, o Vasco não tem apenas um time titular, mas reservas que entram e conseguem manter o nível de atuação. O treinador recuperou jogadores, como é o exemplo claro de Zé Gabriel, e trouxe outros para a soma. Gabriel Pec, titular absoluto até pouco tempo, foi reserva nas últimas duas partidas, entrou no segundo tempo e fez três gols nas vitórias contra Fluminense e Coritiba.
Jair entrou muito bem na última quinta. Maicon chegou a ir para o fim da fila e virou uma espécie de coringa da zaga. Puma Rodríguez volta a ser titular e ganha confiança. Serginho entrou bem quando acionado por Ramón Díaz. Assim como Marlon Gomes, que pode facilmente brigar por titularidade. O Vasco tem elenco.
E também joga bola. A espinha dorsal formada por Medel, Praxedes, Paulinho e Vegetti é marca do novo Vasco. O que Paulinho jogou bola nesta quinta é brincadeira. Rossi é outro que entregou mais do que se conhecia dele em sua primeira passagem. E o que Vegetti apresenta de recursos de finalização impressiona. Seu primeiro gol contra o Coritiba fez alguns torcedores lembrarem de Roberto Dinamite.
Exemplo da mudança do Vasco em campo é o segundo gol, marcado por Rossi. O time tenta o ataque, a defesa do Coritiba afasta e, a partir daí, o Vasco troca passes por quase 40 segundos. A bola sai da direita em uma linda invertida de Paulinho para Piton, avança e recebe novamente na intermediária. Dali, o camisa 18 cava um lançamento para a área, Rossi toca de primeira para Payet na esquerda, e o francês devolve para a pequena área, onde o atacante empurra para os gols.
As boas partidas de Rossi e Pec nas duas últimas rodadas têm o dedo de Ramón Díaz e sua comissão. O Vasco hoje não deposita toda a obrigação de criar em seus pontas, que ficam livres para ficar mais perto da área e abrir espaços.
A construção começa na defesa e passam pelos pés dos meio-campistas: Praxedes e Paulinho circulam bem a bola no meio e fazem com qualidade a transição para o ataque. Às vezes até chegam para finalizar ou dar assistência. Praxedes fez gol contra o Flu, e Paulinho deu passe para Vegetti marcar diante do Coritiba. Os dois, e principalmente Zé Gabriel, diminuíram a exposição da defesa.
O bom desempenho e o padrão de jogo fazem a confiança aumentar. E esse é outro mérito de Ramón. Ao ver o Vasco marcar dois gols no primeiro tempo e seguir atacando, a torcida estranhou: "Não vai tirar o pé e segurar a vitória?".
O argentino não quer e não vai parar. O time mostra, desde a chegada de Ramón, que tem poder de reação. Foi assim contra Bahia e contra Fluminense. Diante do Coxa, até teve momento de desatenção no gol de Sebastián Gómez, aos 34 minutos da etapa final. Um minuto depois, a resposta veio com o quinto gol, marcado por Pec. O novo Vasco levanta a cabeça e segue.
O time vascaíno terminou o jogo com 19 finalizações, sendo 12 na direção do gol. Cinco entraram e sete pararam no goleiro Gabriel, que impediu uma noite ainda pior para o Coritiba.
Torcida vê evolução
A partir de agora, o Vasco terá outro motivo para crescer no campeonato. São Januário voltou a receber torcida na última quinta, e a atmosfera em casa ditou o ritmo do campo. Nas arquibancadas, os torcedores empurraram o time o tempo todo.
As atuações fazem a torcida sonhar além da permanência. E essa esperança é combustível importante para o Vasco na sequência do campeonato. Agora fora de casa, o time terá duelos contra América-MG e Santos, adversários diretos na briga contra o rebaixamento. Em 15 dias, reencontrará o torcedor na partida contra o São Paulo, novamente em São Januário.