Certamente, há uma semana, Vegetti não imaginava que teria dias tão agitados pela frente. O ídolo do Belgrano viu uma negociação-relâmpago com o Vasco ser concluída no limite da janela, desembarcou no Rio de Janeiro na quinta-feira passada e virou herói de uma torcida no domingo. O cartão de visita foi o melhor possível.
Vegetti estreou aos 18 minutos do segundo tempo e precisou de apenas 16 minutos para encerrar um jejum de quase oito jogos e mais de 700 minutos do Vasco em São Januário. Deu ao clube a primeira vitória em seu estádio no Brasileirão.
Na comemoração, Vegetti levou a mão ao rosto simulando o tapa-olho de um pirata, uma referência ao Belgrano, conhecido como "Pirata de Alberdi". Em todas as declarações depois da partida contra o Grêmio, da saída de campo à zona mista, o atacante expressou agradecimento ao ex-clube.
- Muito feliz. Como eu disse, desde que me chegou o chamado do Vasco eu não duvidei, sabia que viria a um grande clube como o Belgrano. Estou grato, era uma oportunidade que podia aproveitar. Sabia o momento que estava passando o clube, gosto de desafios e aceitei com muita responsabilidade - disse o camisa 99.
Foram dias corridos. A negociação com o Vasco esquentou na terça, na véspera de fechamento da janela. Na quarta as partes entraram em acordo, e o clube adquiriu o centroavante por US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 5,4 milhões). Foi preciso correr para dar entrada em toda papelada antes nas última horas da janela de transferências.
Pelo pouco tempo hábil para concluir a negociação, o Vasco precisou optar por um modelo de empréstimo com obrigação de compra caso Vegetti cumpra uma meta simples de ser batida (que não foi divulgada). Seria mais rápido do que efetuar a rescisão no clube argentino para, então, dar entrada nos documentos de contratação no Vasco. O contrato a princípio é válido até o meio do ano que vem.
Assim foram os últimos dias de Pablo Vegetti:
- Cheguei há poucos dias, muito estressante toda a situação. Estou em um grande clube, em uma grande cidade. Vou tentar desfrutar das coisas, desfrutar da família, da minha profissão e ajudar a equipe. Fizemos um grande jogo, um grande primeiro tempo. Consegui ajudar com um gol, mas todos fizeram uma boa partida. Esse é o segredo para tirar o Vasco de onde está.
Enquanto falava com a imprensa na zona mista, sorridente, após a partida, Vegetti ainda recebeu um carinho de seu novo comandante. Ramón Díaz passou pelo centroavante e gritou, com um enorme sorriso no rosto.
- Foi bem, papa. Muito bem.
Vegetti sorriu e retribuiu os elogios ao conterrâneo.
- A gente precisava (da vitória). O Grêmio é uma grande equipe. O Ramón falou comigo no treinamento, disse o que queria de mim. Ele dá confiança a todos, aos que estão dentro, aos que estão fora, tem uma trajetória enorme. Só temos que ajudá-lo neste trabalho
Venerado no Belgrano, Vegetti deixou, aos 34 anos, sua zona de conforto para assumir um desafio difícil no Vasco. A missão é, com gols, evitar o rebaixamento e se tornar ídolo em São Januário. Ainda é cedo, mas o primeiro passo foi dado.