Em setembro, o Vasco completa dois anos desde a transferência do futebol para a 777 Partners. Se o primeiro ano da empresa foi de altos valores gastos e resultados péssimos dentro de campo, o segundo ano foi marcado por mais investimentos caros e pelo afastamento da antiga sócia norte-americana, com a retomada do futebol pela associação.
No dia 15 de maio deste ano, a Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido do Vasco e tirou o controle da SAF das mãos da 777 Partners. O comando passou para a gestão de Pedrinho, presidente do clube.
Com o afastamento da 777, houve uma reformulação geral na estrutura do futebol do Vasco. Com exceção da maior parte do elenco, tudo mudou dentro da SAF do clube em 365 dias.
Esta é a primeira de uma série de três reportagens sobre os dois anos da SAF vascaína aqui no ge. Nesta quinta-feira, detalhamos todas as mudanças estruturais que marcaram este segundo ano da SAF. Ao fim da matéria,
Muita coisa mudou em um ano…
No ano passado, o Vasco completava um ano de SAF sob o comando da 777 enquanto enfrentava uma crise dentro de campo, na luta contra o rebaixamento. Com o trabalho de Ramón Díaz e os reforços da janela do meio do ano de 2023, o clube carioca escapou do Z-4 e se manteve na elite do Brasileirão.
O ano prometia ser de investimentos pesados na SAF, em busca de uma assertividade maior no mercado, e sob a expectativa do maior aporte previsto no contrato com a 777, mas as notícias sobre a saúde financeira da empresa norte-americana preocuparam os torcedores do Vasco e a direção do clube.
Com denúncias sobre descumprimentos no contrato da SAF e alegando que a 777 não tinha garantia de segurança financeira para honrar com os compromissos, o Vasco entrou com uma ação para remoção da empresa norte-americana do quadro de sócios do futebol vascaíno.
Em liminar, a Justiça afastou a 777 do controle do Vasco, e o futebol passou a ser comandado pelo clube associativo, na figura do presidente Pedrinho.
Depois de acusações de fraude em um processo que corre na Justiça de Nova York, a 777 Partners praticamente não existe mais. Quem opera todo o funcionamento dela é a seguradora A-CAP, que, segundo o Vasco, comprovou ser a dona dos ativos no futebol da empresa depois das disputas judiciais nas quais está envolvida.
Atualmente, Vasco e A-CAP conversam em busca de um comprador, enquanto o controle do futebol do clube segue com a gestão de Pedrinho, que promoveu uma reformulação na SAF.
No entanto, a reformulação não foi imediata. Pedrinho, por exemplo, não “atrapalhou” a contratação de Álvaro Pacheco, que já estava sendo finalizada na gestão anterior e deu confiança para a sequência dos trabalhos de Lúcio e Pedro Martins.
Goleada muda os rumos da temporada
Mas isso durou até a derrota que mudaria os rumos do Vasco no ano de 2024. O vexame contra o Flamengo, na goleada sofrida por 6 a 1, revoltou Pedrinho e a direção vascaína.
Pedrinho tomou a atitude de nomear Felipe, ídolo do clube e aliado, como diretor técnico e afastou Lúcio Barbosa do dia a dia do futebol, para que ele voltasse a atuar “apenas como um executivo”. As mudanças não foram bem recebidas por Lúcio e Katia dos Santos, que entregaram seus cargos de CEO e CFO da SAF.
Não demorou muito para Álvaro Pacheco e Pedro Martins também deixarem o Vasco. O treinador foi demitido após não vencer nenhum dos quatro primeiros jogos, enquanto o diretor esportivo também deixou o clube.
O Vasco reformulou o futebol com a temporada em andamento. Pedrinho iniciou as buscas por um diretor de futebol, um CEO, um CFO e um treinador. Marcelo Sant’Ana, Carlos Amodeo e Raphael Vianna chegaram. Para o cargo de técnico, a solução estava em casa e foi sugerida por Felipe: Rafael Paiva, comandante do Sub-20 do clube.
Uma reunião entre Pedrinho e Felipe com Rafael Paiva definiu o esquema para as primeiras partidas pós-Álvaro Pacheco e algumas questões sobre o elenco. Entendia-se que o time poderia render muito mais, com algumas peças que não eram tão utilizadas por Álvaro e Ramón, como João Victor, Adson e Hugo Moura.
O esquema definido pelo trio foi o 4-2-3-1 e houve um acordo de que a base deveria ser mais utilizada. A ideia era formar uma linha de quatro segura na defesa, com um meio de campo que tivesse volantes marcadores e meias com liberdade na frente para servir Vegetti. Hugo e Cocão foram os escolhidos para os lugares que vinham sendo ocupados por Zé Gabriel e Galdames. Jovens como Estrella, JP, Leandrinho, Rayan e GB ganharam espaço no elenco.
Sob o trabalho de Rafael Paiva e os olhos de Pedrinho e Felipe, atualmente, o Vasco está no G-8 da Série A e nas quartas de final da Copa do Brasil. A equipe encaixou sob o comando do técnico, que ganhou ainda mais confiança da direção, e o clube caminha para um ano tranquilo, longe do Z-4, olhando para uma classificação em uma competição internacional e, quem sabe, um título da Copa do Brasil.
Linha dos acontecimentos decisivos do segundo ano da SAF do Vasco