A goleada por 6 a 1 sofrida para o rival Flamengo, no último domingo, não é o único problema no Vasco, mas virou mais um episódio a agregar um grau ainda maior de dificuldade aos trabalhos dos recém-chegados treinador Álvaro Pacheco e diretor executivo Pedro Martins. Eles precisarão sustentar um elenco com problemas e ajustá-lo com pouco dinheiro ao longo dos próximos dois meses.
Martins, que já está há um mês em São Januário, foi claro ao comentar a situação do Vasco na próxima janela de transferências, que abre no próximo dia 10 de julho. O cofre é limitado e as movimentações serão mais estratégicas do que bombásticas. Com exceção do provável retorno de Philippe Coutinho, tratado quase como uma situação à parte.
A chegada do meia de 31 anos, que ainda resolve sua situação com o Aston Villa, agregaria mais um escape criativo e técnico no meio, dividindo essa responsabilidade com Payet, claramente sobrecarregado, além de aumentar o nível técnico da equipe. Mas essa passa longe de ser a única intervenção necessária no elenco cruz-maltino.
— O orçamento é restrito. O Vasco já fez movimentos importantes no início do ano. Para esse ano, o objetivo é saber utilizar o melhor possível o dinheiro disponível. Fazer movimentos inteligentes e criativos, pensando não só no imediato, mas também no futuro. Vamos trabalhar para desenvolver um projeto que pense no fortalecimento da equipe, no aumento do nível do competitivo, mas também pensando em tirar muito mais dos jogadores que lá estão — comentou Martins em sua apresentação, na sexta-feira.
Os “movimentos importantes” que ele cita são as negociações que passam dos R$ 100 milhões em valores totais durante o trabalho do antigo diretor, Alexandre Mattos, demitido em março.
Entre os reforços que chegaram exclusivamente para atuar nesta temporada e que envolveram compensação financeira, estão os zagueiros João Victor e Rojas, os volantes Galdames e Sforza e os atacantes Adson e Clayton. Desta lista, apenas Sforza se firmou no time titular e vem entregando boas atuações com regularidade. Também titulares, Galdames e João Victor tiveram atuações fracas no clássico.
Hoje, o Vasco tem, aos trancos e barrancos, uma espinha dorsal de regularidade que passa por Léo Jardim, Lucas Piton, Sforza, Payet e Vegetti. David, que também fazia bons jogos entre os titulares, foi barrado da relação pelo novo treinador.
Medel, Léo, Paulo Henrique, Mateus Carvalho, Adson e os próprios João Victor e Galdames chegaram a mostrar bons momentos no início da temporada, mas uma possível recuperação destes nomes e de outros vai passar diretamente pelo trabalho de Álvaro.
Há uma lista de problemas e lacunas a se resolver, internamente ou no mercado. O Vasco é vazado com muita facilidade quando não controla as partidas — com a goleada, passou a ser a pior defesa do Brasileirão, com 17 gols sofridos. Em escalações com três zagueiros, como no clássico, precisa recorrer a Maicon, que vive momento ruim e até ano passado era considerado um dos reservas da equipe.
No meio-campo, falta poder de marcação. Seja pelos espaços deixados na frente da área, seja pela facilidade com que Arrascaeta e De La Cruz trocaram passes no segundo tempo, no Maracanã. Hugo Moura, que custou mais R$ 12 milhões ao orçamento do Vasco no “pós-Mattos”, era (e ainda pode ser) a esperança de tentar estancar essa sangria.
Calendário intenso
O principal problema, todavia, está no ataque. Com David fora da relação e Adson impossibilitado por problemas físicos, ficou escancarada a escassez de atacantes de lado no elenco do Vasco. O jovem Rayan voltou a ser opção no setor, mas foi pouco efetivo. Rossi, que entrou com o time em desvantagem numérica, menos ainda. A impressão é que Vegetti (artilheiro do Brasileirão, com quatro gols) parece uma ilha no ataque vascaíno.
Uma das mudanças do presidente Pedrinho após a goleada é a nomeação do ex-lateral Felipe, maior vencedor da história do Vasco e também amigo desde os tempos de atleta, como diretor técnico para trabalhar ao lado de Martins.
De qualquer forma, serão dias longos até a janela, que só abre no dia 10 de julho. Até lá, o calendário do Vasco tem Palmeiras (fora), Cruzeiro (em casa), Juventude (fora), São Paulo (casa), Bahia (fora), Botafogo (casa), Fortaleza (casa) e Internacional (fora), além do Corinthians, em casa, no próprio dia de abertura. Da mesa de negócios ao CT, nada parece de fácil resolução.