Apesar dos dois clássicos da rodada, Vasco e Grêmio certamente protagonizaram o duelo mais aflito do final de semana. Os resultados recentes e a situação de ambos na tabela são autoexplicativos. O empate por 1x1 não explica exatamente o que foi o jogo. O Gigante da Colina foi superior ao Imortal, mas parou em noite inspirada de Volpi e voltou a ceder lances de perigo com muita facilidade.
O placar saiu melhor do que a ''encomenda'' para os gaúchos. Foram superiores nos primeiros 20 minutos e tiveram resiliência para buscar o empate na reta final. Porém, foram pessionados durante grande parte dos 90 minutos. Marcaram mal mais uma vez e o repertório ofensivo manteve-se pobre. O Vasco segue a dois pontos da zona de rebaixamento e o Grêmio manteve uma distância segura.
Fernando Diniz manteve a base da equipe que vem escalando recentemente. David foi a novidade na vaga do suspenso Philippe Coutinho. Mano Menezes voltou a improvisar Gustavo Martins na lateral-direita. Optou por Villasanti no banco e Alex Santana no meio-campo ao lado de Dodi e Edenílson. Na frente, contou com os retornos de Cristian Olivera e Braithwaite.
A diferença de propostas e estratégias entre as equipes se revelou nítida ao longo do 1º tempo. O Grêmio foi um time reativo. Marcou no campo de defesa e tentou avançar quase sempre em contragolpes. Foi mais perigoso nos primeiros 20 minutos e poderia ter aberto o placar. O Vasco se recuperou na sequência. Terminou a 1ª etapa com o dobro de finalizações e chances perdidas.
Hugo Moura chegou a fazer um gol que foi anulado após longa paralisação. O árbitro marcou falta de Vegetti em Wagner Leonardo na origem do lance. O centroavante estava impedido. O ''Pirata'' desperdiçou a melhor oportunidade do Cruzmaltino antes do intervalo. Dominou um chute de Nuno Moreira em rebote de escanteio e mandou na trave ao dominar diante de Tiago Volpi.
Vegetti ainda levaria perigo em uma cabeçada pouco depois. João Victor foi outro a desperdiçar uma assistência de Nuno Moreira, em falta erguida na área. Se não era envolvente como planejado, o Vasco tinha ao menos volume e conexões perto da área. David, Rayan e Nuno eram os mais móveis. Tchê Tchê os auxiliava. Todos sempre buscando aproximações e o setor da bola.
Se conseguiu marcar bem nos primeiros 20 minutos, o Tricolor se viu em apuros na sequência, principalmente quando Vasco acumulou suas peças na faixa central. O time da casa tentou anteriormente pelos dois lados, mas teve pouco sucesso, apesar das constantes participações de Paulo Henrique e Lucas Piton, além das flutuações dos demais atletas para o lado da bola.
A pouca capacidade para neutralizar o Vasco na segunda metade do 1º tempo dificultou o encaixe de contragolpes, algo que era frequente no Imortal. João Victor, muito vaiado pela torcida nos primeiros minutos, e Lucas Freitas, esbanjavam insegurança, e perdiam duelos nos muitos lançamentos gremistas nas costas da defesa cruzmaltina.
Cristian Olivera incomodou Léo Jardim em três contragolpes. O goleiro se mostrou atento para cobrir as costas dos zagueiros e reagir rápidamente a algumas finalizações. A principal delas, a cabeçada de Braithwaite logo aos dez minutos.
Mano Menezes sacou Edenilson no intervalo, um dos três ''amarelados'' do Tricolor na 1ª etapa. Villasanti entrou. Ao invés de defender no 4-4-2, com Edenilson alinhado a Braithwaite, o time passou ao 4-5-1 em fase defensiva. Villasanti, Alex Santana e Dodi formaram uma trinca central, à frente da linha defensiva. Certamente uma solução para preencher o setor que o Vasco levou vantagens.
Diniz trocou os setores de origem de Nuno Moreira e David no 2º tempo. Por mais que a ideia de se mover até a bola, sem estar fixo em uma zona fosse mantida, Nuno ficou mais tempo próximo de Vegetti, pelo centro do ataque, e David partiu do flanco esquerdo. O Vasco manteve-se superior após o intervalo. Começou a ganhar mais agressividade com Paulo Henrique e Rayan pela direita.
Mano não esperou nem dez minutos para desfazer a proposta de retorno do intervalo. Tirou Alex Santana para colocar Cristaldo. O time voltou a ter um meia à frente de uma dupla de volantes. Sacou também Olivera para a entrada de Pavón. O Grêmio ganhou mais retenção de bola e capacidade de articulação com Villasanti e Cristaldo no meio-campo, mas perdeu ''pegada'' sem a posse.
Rayan seguia arriscando bastante e gerando perigo ao gol de Volpi. Depois de mais um arremate dele de média distância, o Vasco ganhou um escanteio pela esquerda, e voltou a levar vantagem na bola parada aérea. Lucas Freitas abriu o placar aos 18 minutos. Dominou na segunda trave após o córner de Nuno Moreira e o resvalo na zaga gremista para vencer o goleiro tricolor.
O caldeirão de São Januário inflamou de vez e o Grêmio ficou atônito nos minutos seguintes ao gol. Poderia ter sofrido o segundo em uma sequência de finalizações de Hugo Moura, João Victor e David. Novamente em batidas de fora da área ou cabeçadas em escanteios e faltas laterais. Tiago Volpi impediu!
Mano lançou o jovem Riquelme no lugar do apagado Alysson. Também promoveu a entrada de André Henrique na vaga de Braithwaite. A primeira mexida de Diniz só foi feita depois dos 30 minutos. David deu lugar a Mateus Carvalho. Nuno voltou ao lado esquerdo. O Vasco esfriou um pouco e o Grêmio conseguiu, enfim, avançar. Trocou passes e se instalou na intermediária contrária, mas não produziu.
Apesar disso, o simples fato de se adiantar em campo, foi decisivo para aproveitar erros infantis de Paulo Henrique e João Victor em saída de bola pela direita e conquistar uma falta. Pavón pegou o rebote dela e cruzou para Gustavo Martins empatar a partida. Mais uma vez o Imortal precisou de muito pouco para conseguir finalizar contra a meta de Léo Jardim.
André Henrique quase virou o jogo ao mandar no travessão vascaíno um lançamento de Marlon em profundidade. O Cruzmaltino não desistiu. Voltou a levar perigo e esbarrar na boa atuação de Tiago Volpi. Ele parou duas cabeçadas de Vegetti, uma delas bem no canto esquerdo. Um chute perigoso de Rayan, e a finalização cruzada de Nuno Moreira, o último ato relevante antes do apito final.