Com um jogador a menos, o Vitória mostrou força ao bater o Vasco de virada, por 2 a 1, na noite deste sábado, e encerrar uma sequência de cinco jogos sem vencer. No Barradão, o Rubro-Negro teve o meia Matheuzinho expulso aos 33 minutos do primeiro tempo por cotovelada em Paulinho e viu Vegetti abrir o placar. Na etapa final, o estreante Renato Kayzer balançou as redes duas vezes e deu o triunfo ao time (assista acima aos melhores momentos).
Com a vitória o Rubro-Negro foi a nove pontos e deixou a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Na entrevista coletiva após a partida, Thiago Carpini explicou a estratégia ao sacar Osvaldo e Wellington Rato para as entradas de Kayzer e Fabri no intervalo.
- Imaginei que o segundo tempo seria da maneira que foi. O gramado pesado por conta das chuvas, a gente sentiu bastante. Quando tinha a igualdade, jogo de bastante superioridade do Vitória no primeiro tempo. O controle do jogo, talvez sem tanta efetividade. À medida que você tem um jogador a menos, achei que teríamos campo para transições. Não adiantaria ter o Wellington Rato, o Osvaldo vindo de um tempo sem jogar. Entendi que poderíamos aceitar a inferioridade numérica e aproveitar os espaços, principalmente no lado esquerdo com o Fabrício. E mérito não é a leitura do treinador. Outra coisa é o atleta executar. A minha cobrança com eles é de ter essa energia, essa competitividade, e a torcida vem junto.
"Hoje não faltou nada. O mérito não é só da leitura, que foi bem. Mas a execução foi muito melhor".
O treinador rubro-negro também exaltou o grande destaque da noite, o atacante Renato Kayzer, responsável por dois gols na estreia.
- A gente vinha em uma construção. A gente precisava resgatar a competividade, criar mais chances. E isso vinha acontecendo. E o Kayzer tem capacidade de colocar a bola para dentro do gol. E foi acima da capacidade física. Planejava 20 a 25 minutos. E com um jogador a menos imaginei que a gente teria poucas chances e precisava ter um cara eficiente. Era o momento do 9 que nós tanto esperávamos. Ficamos felizes com a estreia dele não só pelos gols, mas a maneira que ele consegue sustentar e dar folga ao time. E não fica só no jogo de transição. Foi importante.
Mas a entrevista coletiva não foi só de sorrisos. Thiago Carpini também condenou a expulsão de Matheusinho e afirmou que o jogador vai ser punido.
- Era um lance que poderia ter sido evitado. Não tinha necessidade. Foi no ímpeto de competir, aquela energia. Eu prefiro ver dessa maneira. Vai ser cobrado e punido por nós e pelo clube. Assim como foi Carlos e é para todos. Poderia ser o Felipe Cardoso, o Maikon. Os direitos e deveres são para todos. Ainda mais o Matheus, que se espera mais dele pela capacidade que ele tem de ganhar jogos para a gente. Temos cobrado mais dele. Ele tem muito mais a entregar. É natural que o jogador oscile. Vamos tratar desse assunto. Na segunda-feira vamos conversar e vai ser cobrado. Poderia ter um outro desfecho. E que bom que o grupo deu uma resposta. Se viesse derrota, eu preciso administrar e assumir e não transferir. Serve de lição para ele e que não se repita mais.
Carpini tem novo compromisso com o Vitória nesta quarta-feira, pela Copa Sul-Americana, competição que o time está na terceira posição do Grupo B. Às 21h30 (horário de Brasília), a equipe encara o Cerro Largo, no estádio Centenario, em Montevidéu.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Carpini
O que significa virada
- Resiliência é a palavra. Superação, convicção, muitas coisas que temos no nosso dia a dia. A minha preocupação com momento ruim é o emocional dos atletas. Estamos no mês de maio de um campeonato que vai até dezembro. É natural que a gente enfrente outra situação. E é importante passar por ela fortalecido como grupo.
O que repetir no Ba-Vi
- Se a gente repetir o que foi a segunda final do Baiano estou bem contente. Acho que faltou só o título. Mas eles foram mais competentes que nós. Mas a postura do Vitória no jogo da volta, que eles tiveram só uma finalização no final, com gol do empate...É uma partida fora do contexto o Campeonato Brasileiro. Nós aprendemos a jogar esse jogo. Todo clássico é diferente. O que tira de lição é energia do jogo, sem extrapolar como eu fiz [técnico foi expulso].
Objetivos
- Nosso maior objetivo é não perder esse nível de entrega. Mostramos que temos capacidade, que não está tudo errado. Temos limitações, mas mostramos que é possível. Com esse nível de entrega, sabendo que estamos no caminho...Agora temos Sul-Americana, voltamos para o clássico e depois temos semana aberta. Mas sem euforia demais. Vai ser uma coisa que vai ficar marcada porque foi uma vitória bacana, legal. Precisamos continuar evoluindo.
O que tira de positivo
- Não só a virada, mas com um jogador a menos. Tem que enaltecer muito. É complicado com uma equipe desse nível [como o Vasco]. Temos conversas diárias em cima dos jogos. Procuro passar as coisas boas que estamos fazendo. Os defeitos, os erros, as falhas. Isso tudo todo mundo está vendo. A gente tenta deixar essas coisas um pouco de lado. O jogo passado não vencemos, mas tivemos 27 finalizações. A gente precisa encontrar soluções, e hoje conseguimos encontrar algumas soluções. Caminhada ainda é longa, temos muito a evoluir. Valorizar o que eles fizeram hoje.
Destaques do time
- Enaltecer a estreia do Kayzer e todo o coletivo. O Baralhas é outro cara que treinou com o grupo só na quinta-feira. Ontem treinou sem poder encostar a cabeça na bola. Entrou bem, assim como o Fabrício, Mosquito. Espero que esse jogo tenha sido uma virada de chave após calvário, dúvidas. Se o grupo não estivesse tão fechado com o comandante a gente teria absolvido muita coisa de fora. A energia de quem saiu, quem entrou. Mostra que temos um caminho.