Já no Rio, o português Álvaro Pacheco será anunciado em breve como novo técnico do Vasco. Com seis rodadas disputadas de Campeonato Brasileiro, a expectativa é que o treinador, eleito ontem o terceiro melhor da última edição do Campeonato Português, dê competitividade ao elenco cruz-maltino, que vive fase irregular. Hoje, às 21h30, em São Januário, o time tem o último compromisso antes do início do novo trabalho: um confronto decisivo e eliminatório contra o Fortaleza, pela Copa do Brasil.
Será a última partida sob o comando do interino Rafael Paiva, que soma uma vitória, um empate e uma derrota em três jogos. A única dúvida é o meia-atacante Adson, que voltou a treinar com bola, mas tem presença incerta na partida. Com o empate em 0 a 0 no primeiro jogo, o Vasco precisa vencer para se classificar. Um novo empate leva a decisão para os pênaltis.
Também será o único jogo do cruz-maltino até o próximo dia 2, já que o Brasileirão teve duas rodadas paralisadas em razão do desastre climático no Rio Grande do Sul. Isso significa que Pacheco terá 11 dias para treinar o elenco e deixar suas primeiras notas no trabalho.
Quem pode crescer no novo trabalho
O time de Guimarães foi o primeiro grande trabalho da carreira do treinador na elite do futebol português. Em campanha recorde na história do clube, terminou na quinta colocação, com 63 pontos. A equipe terminou também com o quinto melhor ataque (52 gols marcados) e a quinta melhor defesa (38 gols sofridos).
Em campo, o treinador adotou uma abordagem tática que pode favorecer o cruz-maltino, mas precisará de adaptações caso seja repetida: uma linha de três defensores com utilização frequente das alas. No início da temporada, o esquema com três defensores e liberdade ofensiva a Lucas Piton e Paulo Henrique foi utilizado de forma frequente por Ramón Díaz, com bons resultados de começo, mas também prejudicado desgaste generalizado sofrido pela equipe.
Embora não seja uma certeza, a adoção do esquema do Vasco depende de algumas adaptações. Paulo Henrique, em baixa após perder a posição para João Victor, é o mais próximo da função de um ala que Pacheco utilizava em Portugal, quando seus atletas na posição abriam para dar opções e eram incisivos, procurando o gol, quando tinham a bola. Puma Rodríguez, que fez apenas cinco jogos na temporada, é outro que tem as características necessárias para fazer a função. Na esquerda, o titular e pilar técnico Lucas Piton se comporta de forma diferente em campo, prezando pelos cruzamentos — que também eram frequentes no time de Álvaro.
No meio, dificilmente o técnico abrirá mão de ter volantes com boa saída de bola. Nesse sentido, Sforza, que vem se destacando pelo fundamento neste início de campeonato, é nome quase certo. O recém-chegado Hugo Moura e Zé Gabriel têm uma concorrência mais difícil com Galdames, pela versatilidade do chileno, que transita bem entre o meio e o ataque. Isso no papel, já que Galdames vive fase ruim com a camisa do Vasco. De qualquer forma, assim como na defesa, a tendência é que haja bastante espaço para o elenco, já que o 3-4-3 e os 3-5-2 foram as formações preferidas do treinador na temporada passada, utilizadas em 82% dos jogos que comandou.
Payet mais próximo de Vegetti?
O ataque deve ser a grande icógnita no trabalho de Pacheco. Afinal, o treinador preza muito por atacantes móveis que possam atacar espaços e ajudar a fechar linhas de passe na marcação. Desde o comando de Díaz, o Vasco vive um dilema e escassez de regularidade pelos lados do ataque, os famosos pontas. Rossi e os jovens Rayan e Erick Marcus já ganharam chances chances por ali, mas nenhum deles se firma. Na função, David é quem entrega mais. Forte e rápido, o "DVD" pode se tornar ainda mais importante se for mais regular na tomada de decisões.
Payet, que atualmente tem atuado pelo meio, pode ser avançado para encostar no ataque, com liberdade para servir Vegetti, figura de referência importante no time de Álvaro, que alternou André Silva (hoje no São Paulo) e Jota Silva na função. Clayton, reserva de Vegetti e capaz de cair pelas pontas, conhecido do treinador do futebol português, é outro que pode ganhar mais espaço. Com Ramón Díaz, o atacante de 25 anos somou apenas 124 minutos em campo.
E Philippe Coutinho?
Se a negociação entre Vasco e o "cria" Philippe Coutinho tiver final feliz, será adição importantíssima para o segundo semestre. O meia-atacante, além da qualidade técnica de nível mundial, é um jogador que atua caindo da ponta para o centro, com capacidade de arriscar bastante de fora da área. Uma tremenda solução para lacunas no no ataque e na ligação com os meias.