O choro de Pablo Vegetti ao fim do empate em 1 a 1 com o Atlético-MG, no sábado, é um sinal do quanto a Copa do Brasil valia para a temporada e para o grupo do cruz-maltino. Eliminado na semifinal após bom jogo, o Vasco, frustrado por ter ficado próximo de uma disputa de pênaltis e até de um segundo gol em São Januário, encerrou a disputa de um título que parecia completamente possível. A queda, por outro lado, deixa lições mais importantes do que nunca para o decisivo ano de 2025.
Os problemas de elenco, herdados da gestão anterior do futebol, eram conhecidos desde antes da segunda janela de transferências, a primeira da gestão de Pedrinho após o litígio com a 777 Partners na SAF do clube. Antes da janela, o Vasco trocou de técnico e diretor do futebol — saíram Álvaro Pacheco e Pedro Martins, nomes da 777, e entraram Rafael Paiva (interinamente, de início) e Marcelo Sant’Ana. Ainda assim, o cruz-maltino não conseguiu se reforçar na posição que mais demandava: um zagueiro. O setor não foi um problema no jogo de volta (Léo e João Victor seguraram bem o ímpeto atleticano), mas vem abalando a segurança da equipe semana após semana.
Além de Coutinho e Emerson Rodríguez, titulares, o Vasco trouxe o volante Souza, o atacante Alex Teixeira, o ponta Jean David e o meia Maxime Dominguez. Nenhum desses quatro últimos foi aproveitado com frequência ou mostrou que poderia ser titular a tempo da semifinal. Jean e Maxime, que vieram em boa fase de seus clubes, somam oito partidas, com apenas uma chance como titular para cada um. As poucas oportunidades para a dupla provocaram uma crítica justa a Paiva que, apesar disso, tem muitos méritos num bom trabalho com um elenco enxuto e desfalcado por lesões em titulares importantes, como Adson e David.
— Tenho que me preocupar com quem tenho no elenco. Acredito no treino. Na base, meu papel é desenvolver os que tenho. Estou orgulhoso do jogo de hoje. Acredito demais no grupo. Precisamos dar resposta no Brasileiro e acredito muito — analisou o treinador após a partida de sábado.
Agora, o Vasco tenta afastar as remotas chances de ser tragado para a briga contra o rebaixamento e se consolidar em uma posição confortável na tabela. Para isso, precisa encerrar uma sequência de oito jogos sem vitória. A partida atrasada de quinta-feira, contra o Cuiabá, em São Januário, é a chance para voltar a se fincar na parte de cima da tabela e seguir sonhando entre a zona da Sul-Americana e da pré-Libertadores.
Estabilidade rara
Em 2025, São Januário será fechado para a reforma. Ano que também pode marcar a revenda da SAF do clube. Uma temporada surpreendente como a de 2024, com disputa de título e estabilidade no Brasileiro, raridade nos últimos anos do clube, ajuda em todo o panorama geral. Mas também eleva o sarrafo junto à torcida.
Se uma eliminação para um forte elenco como o do Atlético-MG deixa uma lição, é que o caminho para sonhar grande passa por um projeto de futebol forte e com o mínimo de lacunas possível.