SAF para “qualificados”
Conforme se poderia prever, a catástrofe administrativa que assombra o Vasco cuidou de responder questionamentos apresentados pelo Conselho de Beneméritos do clube a respeito da SAF com um panfleto precário, para não dizer o que, à rigor, ele é: vagabundo.
O documento é um embrulha-e-manda fenomenal na exata proporção com a qual os gestores deste fracasso enxergam o seu quadro social e torcida: apresentação porca, conteúdo falacioso e argumentos toscos. Excepcionalmente, o que presta nele é o que os seus mentores e redatores míopes pelos desejos inconfessáveis não enxergaram: as intenções foram expostas em imagens tão fidedignas quanto as de uma ressonância magnética. A partir daquilo que não é dito, pode-se presumir onde querem chegar.
Assim, supondo-se que os vascaínos, em desespero pelo descumprimento absoluto de promessas de campanha da atual gestão , maior estelionato eleitoral já sofrido pela Instituição, decidam seguir por este obscuro caminho e optem pela SAF, sofrerão fortes emoções. É porque o passo seguinte seria acreditar em negociações lideradas exatamente pelos mesmos sujeitos capazes de redigir documentos imundos, cuidar de patrimônios como pocilgas ou até montar times de futebol tão caros quanto ineficientes.
A fim de ilustrar o que se diz, são recortados trechos que oferecem ao respeitável público a noção de com quem ele está lidando neste picadeiro. O primeiro comunica que uma das opções de investimento seria através da emissão de debêntures. Porém, ressalva feita, no início elas só poderiam ser adquiridas por “investidores qualificados”. Os senhores entenderam?
Outro trecho bastante curioso, que pretende comparar modelos de propriedade de clubes europeus, comprova a apresentação porca e desleixada. Uma tabela onde nada se lê, mesmo que o zoom chegue a 500%. O respeito na medida certa com a qual os palhaços do picadeiro enxergam o respeitável público vascaíno.
Posteriormente, entrelinhas, o recado definitivo a respeito dos objetivos finais dessa gente é oferecido em bandeja de prata. O que eles pretendem não é vender um pouquinho, ficar com um tantinho, ou coisa que o valha. Eles querem VENDER o clube e não deixam dúvidas. A retórica é miserável, mas não poderia ser divergente da vontade.
E então, com base nestes desejos mais escusos, eles acabam por admitir, mal percebendo, o que pensam da Instituição: para eles, o Vasco não passa de uma “atividade econômica”.
Assim, conforme se pontuou neste canal desde quando o assunto foi apresentado no dia seguinte do maior fracasso da Historia desportiva do Vasco, eles entregarão tudo aos “investidores”, até mesmo aquilo que você, torcedor, acabou de adquirir em campanhas de adesão realizadas pelo clube. A “atividade econômica” vai engolir até o seu plano de sócio-torcedor.
Não será por falta de informação que a torcida e o quadro social do Vasco serão redondamente enganados. A imprensa profissional parceira já mostrou em que lado vai atuar. Até porque para ela o Vasco também é um negócio.
Assim, informado, o vascaíno poderá decidir o que quer, ainda que, em algum momento, seja certo que a atual catástrofe administrativa e legislativa do clube tentará alijá-lo da discussão.
Pode ser que nada aconteça e tudo siga exatamente o roteiro mórbido desenhado pelos fracassados que hoje habitam o clube. É a aposta deles, a súplica pelos braços cruzados. Por outro lado, é certo que eles estão brincando com fogo e nunca se sabe qual o limiar da próxima centelha. E se ela vier, não vai adiantar simular contusão e se esconder em campo. Todo mundo está vendo quem são vocês.
Grupo Fuzarca!