Aos 37 anos, Pedro Ken está com as chuteiras penduradas desde outubro de 2021, quando entrou em campo pela última vez com a camisa do Operário-PR. Em entrevista ao ge, ele repassou 16 anos de carreira e não descartou a possibilidade de voltar a trabalhar com futebol, atuando fora das quatro linhas.
— Eu tenho três restaurantes de comida japonesa. O primeiro restaurante tem 10 anos, montei com amigos de infância em Curitiba, e o segundo e o terceiro vão fazer oito ou nove anos. Eu não sei ainda se esse é o ramo que eu vou seguir, estou deixando em aberto e vendo possibilidades em vários ramos diferentes, tentando experimentar coisas e ver o que me atrai mais - pontua.
O ex-meia vai inaugurar um quarto restaurante no final do ano. Ao mesmo tempo, está perto de se formar em administração e vem se aperfeiçoando em assuntos imobiliários e temas relacionados à sustentabilidade e inovação. Apesar disso, Pedro Ken também não descarta trabalhar com futebol futuramente.
— É uma coisa que me dá dó de largar. É uma pena não estar nesse meio depois de viver tudo o que eu vivi. O futebol é uma coisa que está aberto. Tem muita função que eu poderia exercer, tanto em clube quanto fora.
— Não tenho preguiça de aprender, é o momento de sair de uma coisa que fiz a vida inteira e ter 18 anos de novo, tendo que escolher o que vou fazer no vestibular, que área eu vou seguir. Mas claro, estou numa situação muito mais tranquila por, graças a Deus, ter tido muito sucesso nessa primeira fase da minha carreira. Isso me dá segurança e tempo para escolher bem. Vamos ver o que a vida nos traz - finaliza.
A carreira no futebol
Como jogador, Pedro Ken viveu momentos marcantes por Coritiba, Cruzeiro, Vitória, Vasco, Ceará e Operário-PR. Ele também jogou no Avaí, no Juventude e na Rússia. Em meio a 520 jogos, uma lesão no ligamento do joelho e um caso de doping no Ceará são elencados por ele como os momentos mas difíceis da carreira.
No Ceará, Pedro Ken foi suspenso por seis meses pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem. O atleta teria feito uso de anastrozol e foi pego no teste antes da partida com o Santa Cruz, em 26 de setembro de 2017, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
— O segundo pior momento da minha carreira. O primeiro foi no Coxa quando eu rompi o ligamento cruzado e fiquei de fora depois de um momento muito feliz, depois de dois títulos.
A defesa do jogador apresentou provas de contaminação cruzada, e a sentença do tribunal do Ministério do Esporte reconheceu a hipótese.
— Eu sempre fui muito profissional, sempre procurei fazer tudo que eu podia fazer para estar 100%. Ia em um médico fora do clube, que na época me receitou suplementos e a farmácia de manipulação mandou um pote vieram contaminado. Descobri porque mandei todos os suplementos para análise. Acabei pegando seis meses de punição, que na época era a punição mínima - revelou ao ge.
— O pessoal do Ceará foi muito compreensivo, me ajudaram no julgamento, com advogado, em tudo que precisou eles deram suporte. Foi uma pena mínima, mas mais um percalço na carreira. A partir dos quatro meses de punição eles liberaram para treinar, mas você acaba saindo totalmente do convívio do clube - explica.
— Para o jogador de futebol, seis meses é muito tempo. É muito tempo para uma carreira de 10, 15 anos, diferente de uma pessoa normal que tem 30 ou 40 anos em uma mesma profissão. Seis meses equivalem a dois anos ou três. Ficar de fora é muito difícil e ainda mais injustamente.
Piá do Couto
A carreira de Pedro Ken começa no futsal do colégio onde estudava quando criança, em Curitiba. Destaque nos campeonatos da Federação de Futsal, Pedro foi convidado para testes no Coritiba e vestiu a camisa do clube pela primeira vez com nove anos, na categoria dente de leite.
Ken chegou ao time principal em 2006. O primeiro gol dele como profissional foi em um clássico contra o Paraná Clube.
— Era meu segundo ou terceiro jogo como titular e poder fazer o gol aqui, tava toda a minha família, meus amigos, é aquilo que falei do sonho de criança, de se olhar e se imaginar jogando aqui. Tive esse sonho realizado. Foi um momento de muita explosão, de alegria, de felicidade - lembra Pedro Ken.
— O Coritiba pra mim foi muito importante na minha vida. Me ajudou a me formar como atleta e como pessoa. Convivi com pessoas maravilhosas, fiz muitos amigos que trouxe para a vida, pude conviver com ídolos como Krüger, que foi meu diretor da base, me viu crescer e chegar no profissional. É um ídolo, para mim o maior da história do clube, e pude conviver com ele - destaca.