O meia Andrey Santos vive o melhor início de temporada da carreira com a camisa do Strasbourg, da França. Depois de ter pouco espaço por Chelsea e Nottingham Forest, o jovem de apenas 20 anos demonstrou maturidade ao analisar sua primeira passagem pela Premier League.
Revelado pelo Vasco, ele foi o convidado do episódio 149 do Ubuntu Esporte Clube, podcast do ge que vai ao ar nesta sexta-feira. Em entrevista, Andrey falou sobre a adaptação ao futebol europeu (dando dicas inclusive ao palmeirense Estêvão, que em breve jogará na Inglaterra), as diferenças entre os campeonatos, e é claro, do sonho de jogar com a camisa da Seleção.
Depois de jogar por seis meses emprestado pelo Chelsea ao Vasco, Andrey foi fazer pré-temporada no clube londrino. Sem espaço em meio ao elenco inflado dos Blues, o cria da Colina acumulou empréstimos para Nottingham Forest, também da Inglaterra e, mais tarde, Strasbourg, da França.
Sobre a adaptação ao futebol europeu, o meia foi direto ao falar sobre a passagem pela Premier League:
— Foi tudo muito novo para mim, no qual mal acabou a temporada no Brasil, e eu cheguei lá na Inglaterra, para fazer a pré-temporada. Eu estava muito bem fisicamente, fiz a pré-temporada, fui bem, mas infelizmente eu não ia ter tanta minutagem. Eu optei por sair, para jogar no Nottingham Forest, e aí infelizmente não foi tudo como eu esperava. Eu estava sempre bem, treinando, trabalhando no meu potencial, mas infelizmente não tive oportunidade. Eu fico muito feliz de ter voltado para o Chelsea e, agora no Strasbourg, ter encontrado a minha melhor performance, me encontrado na Europa, e ter mostrado meu futebol pra toda a Europa — disse Andrey.
— Eu optei por sair, para jogar no Nottingham Forest, e aí infelizmente não foi tudo como eu esperava. Eu estava sempre bem, treinando, trabalhando no meu potencial, mas infelizmente não tive oportunidade — relembrou.
Mesmo com a pouca idade, o meio-campista aproveitou para aconselhar Estevão, promessa do Palmeiras, que irá se juntar ao Chelsea em 2025, e pode fazer dupla com Andrey já na próxima temporada:
— Acho que se eu tivesse a oportunidade, um conselho que eu daria pra ele seria o de vir com um staff. Porque isso aí facilita muito na adaptação. E não deixar de trabalhar. Trabalhar, trabalhar e ter mentalidade forte. Até porque a adaptação aqui na Europa vai de jogador para jogador, mas a grande maioria demora um pouco a adaptar...por conta do clima, da comida, do futebol. O que eu deixaria mais claro é para vir com um staff, é importantíssimo.
Andrey também falou sobre as diferenças que ele sentiu entre os campeonatos do Brasil e da Europa. Focado nos mínimos detalhes, ele falou sobre a importância do apoio da família, em especial da esposa, Yngryd, que está grávida do primeiro filho do casal, e do seu staff:
— Tem bastante diferença do futebol brasileiro pro futebol daqui da Europa, no caso do inglês e do francês. A maior diferença é a questão da intensidade. A intensidade acaba sendo muito diferente, porque em questão de qualidade o futebol brasileiro dispensa comentários, com o nível altíssimo de qualidade que nós temos no Brasil. Falta um pouquinho a mais de intensidade comparando com a Europa. Acho que eu estou mais adaptado aqui por conta da minha esposa, que tem me ajudado. Um jogador de alto nível tem que ficar atento a todos os detalhes. Graças a Deus, agora eu estou com meu fisioterapeuta, um cozinheiro também, que está me ajudando a performar. Como eu falei, o jogador que quer chegar ao alto nível, tem que ficar atento a todos os detalhes, os mínimos detalhes fazem grande diferença. Esse aí tá sendo um dos segredos para ajudar a minha performance — definiu.
— Em questão de qualidade o futebol brasileiro dispensa comentários, com o nível altíssimo de qualidade que nós temos no Brasil. Falta um pouquinho a mais de intensidade comparando com a Europa — comparou Andrey.
Paciente, Andrey aguarda uma chance de atuar pelo elenco principal do Chelsea, e projeta também um futuro na Seleção. Sobre oportunidades, ele trouxe exemplos recentes de outros jovens jogadores brasileiros que passaram por esse processo:
— É objetivo depois desse empréstimo de agora, que estou tendo no Strasbourg. É como eu falei em relação à seleção brasileira, eu performando bem, as coisas vão acontecer naturalmente. É um sonho jogar no Chelsea, pelo qual eu fui comprado. Eu entendo que é difícil um brasileiro chegar e, logo assim de cara, chegar jogando num grande time na Europa. Se não me falha a memória, o único que chegou jogando assim, ainda mais na Inglaterra, foi o Gabriel Jesus. O resto, todos tiveram que passar por um processo, como o Vinícius Jr, o Rodrygo, como eu, como o Savinho passou lá no PSV, como o Vitor Roque tá passando agora. Acho que isso acaba sendo normal por conta da diferença (do futebol brasileiro para o europeu), a adaptação acaba sendo um pouco mais demorada, mas acho que fazendo tudo certinho, vai dar tudo certo — concluiu.
— É como eu falei em relação à seleção brasileira, eu performando bem, as coisas vão acontecer naturalmente — projetou o jogador.
Sempre relembrando do apoio dos pais, Andrey Santos falou também sobre as pressões da vida de um profissional do futebol. Relembrando de brasileiros que passaram anteriormente no futebol europeu, ele ressaltou o papel dos bastidores para que o jogador possa render dentro de campo:
— Eu sempre converso muito com meus pais. Antes de vir para Europa, a gente teve uma conversa, porque ficou famoso aquele vídeo do Adriano Imperador falando que recebia milhões por mês, e onde estava a felicidade dele? E eu sempre me pego muito me comparando com os jogadores. Por exemplo, o Arana é um baita jogador, mas não deu certo na Europa, não deu certo por quê? A gente acaba não vendo os bastidores. Porque qualidade ele tem de sobra. A mesma coisa do Gerson, que passou por aqui, voou aqui, mas por que será que ele quis voltar? A gente acaba não sabendo dos bastidores. As pessoas têm que olhar um pouco mais para os bastidores, e não só para o glamour. E, querendo ou não, o futebol, como a gente falou anteriormente, é muita pressão. Acaba acontecendo muitas coisas nos bastidores que muita gente não têm nem noção que a gente passa — refletiu o meia do Strasbourg.
— As pessoas têm que olhar um pouco mais pros bastidores, e não só para o glamour. E, querendo ou não, o futebol, como a gente falou anteriormente, é muita pressão — enfatizou.