Emissoras se interiorizam em busca de retornos com Estaduais 2025

Há muito tempo, circula o discurso de que os campeonatos estaduais de futebol estariam fadados a desaparecer. Essa tese começou a ganhar força na década de 1990, quando esses torneios passaram pela redução no número de equipes e foram encolhendo sua presença em um calendário marcado pela onipresença cada vez maior de competições nacionais, como Brasileirão e Copa do Brasil, ou mesmo internacionais, como as Copas Libertadores e Sul-Americana.

Mais eis que chegamos a 2025 e os estaduais demonstram ser mais estratégicos do que nunca para a mídia, que representa uma das principais fontes de receita para o futebol nacional.

O movimento recente feito por Globo e Record, duas das maiores redes de TV aberta do país, não deixa dúvida. Depois de ficar algum tempo afastada dos estaduais, a emissora da família Marinho resolveu investir pesado nas competições, adquirindo campeonatos de relevo, caso do Carioca, do Mineiro, do Gaúcho, Cearense e Pernambucano, isto sem contar Catarinense, Mato-grossense, Sul-mato-grossense e Paraibano.

Um dado interessante das cinco primeiras competições é que elas contam com equipes grandes, que disputarão o Brasileirão da Série A deste ano, mas estão filiadas à Liga Forte União (LFU), como, por exemplo, Fluminense, Botafogo e Vasco, no Rio; Cruzeiro, em Minas Gerais; Internacional, no Rio Grande do Sul; Fortaleza e Ceará, no estado de mesmo nome; e Sport, em Pernambuco.

Para 2025, a Globo garantiu a exclusividade na TV aberta para a transmissão dos em casa dos membros da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) no Brasileirão. O grupo reúne clubes como Flamengo, São Paulo, Palmeiras, Atlético-MG e Grêmio. Mas o canal não fechou com a LFU na TV aberta.

Interiorização

A LFU optou pela venda fatiada de seus direitos no Brasileirão, em uma estratégia desenvolvida pela agência LiveMode. Dessa forma, quem exibirá os jogos como mandante das equipes que integram o grupo será a Record, que também se mobilizou para investir nos estaduais, mas com uma estratégia que aposta ainda mais na interiorização.

A emissora transmitirá, diretamente ou por meio de suas afiliadas, os estaduais de Acre, Alagoas, Amapá, Distrito Federal, Maranhão, Pará, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe e Tocantins.

No último fim de semana, sua afiliada RICtv já sentiu os reflexos positivos do investimento na transmissão do Campeonato Paranaense, garantindo o segundo lugar isolado na audiência da Grande Curitiba, ao exibir a vitória do Athletico-PR diante do Paraná. O canal marcou 6,7 pontos de média (mais que o dobro do SBT, terceiro colocado) e obteve 14% de participação no total de televisores ligados.

Em 2025, cada ponto de audiência na Grande Curitiba equivale a 12.352 domicílios ou 31.671 indivíduos, segundo a Kantar Ibope Media.

A transmissão do Campeonato Paulista da Série A1 representa um trunfo relevante para a Record em São Paulo, maior mercado do país.

Na edição do ano passado do torneio, por exemplo, a emissora chegou alcançar, em diversas ocasiões, a liderança da audiência na Região Metropolitana de São Paulo, em especial com a final entre Santos e Palmeiras, quando ela atingiu 19 pontos de média, 21,5 de pico e com 34,4% share.

No mesmo horário, a Globo alcançou 10,5 pontos, ficando em segundo lugar na medição. À época, cada ponto na Grande São Paulo equivalia a 76.953 residências ou 206.674 indivíduos.

SBT, Band e emissoras públicas

Outras redes comerciais abertas também têm investido em estaduais, só de maneira mais mais pontual. É o caso da Band, por exemplo, que manteve a transmissão do Campeonato Carioca (ao lado da Globo) e também exibirá, localmente, o torneio de Rondônia.

O SBT, que ampliou seus investimentos no futebol nos últimos anos, tem procurado focar seus investimentos em competições de projeção mais nacional, caso da Copa do Nordeste (que será exibida por suas afiliadas), e internacional, como Champions League e Copa Sul-Americana.

Neste ano, o canal contará com apenas um estadual, o do Piauí, com transmissão local para o estado nordestino. No Amazonas, o estadual será exibido pela TV A Crítica.

Emissoras públicas dos estados têm aproveitado esses torneios para levar conteúdos de futebol a seus espectadores na TV aberta.

Esse fato ocorre nos Campeonatos Capixaba e Baiano, transmitidos pelas TVEs locais, e também em Goiás, com a TV Brasil Central.

No Pará e no Mato Grosso do Sul, as emissoras educativas locais também dividirão a transmissão com os canais comerciais.

Streaming

Os campeonatos estaduais também têm atraído o interesse das plataformas de streaming, que têm condições de oferecer conteúdos para diferentes nichos.

Em alguns casos, os serviços são ligados às próprias emissoras que detém o direito de exibição na TV aberta, como é o caso do PlayPlus, que disponibiliza conteúdos ao vivo e on demand da Record e, neste ano, exibirá todos os estaduais adquiridos pelo canal.

Em São Paulo, um dos destaques no streaming é a transmissão da CazéTV. O Goat está presente no Rio de Janeiro, no Ceará, na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte.

E há ainda vários casos como o do Mato Grosso do Sul, em que a própria federação local garante a transmissão do campeonato, em seu canal no YouTube.

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