Felicidade, alívio e preocupação. Essas três emoções marcaram a noite do torcedor do Vasco em São Januário na vitória contra o Atlético-GO, que classificou o time para as quartas de final da Copa do Brasil, fase a qual o time não alcançava há nove anos.
A felicidade se deve ao feito já destacado. O Vasco voltou ao protagonismo de um campeonato nacional importante e se colocou entre as oito melhores equipes do torneio com méritos. O alívio vem pela tensão do jogo eliminatório e pela conquista da vaga, mesmo com a atuação do time no segundo tempo, que gera preocupação para o futuro do time. O Vasco deu chances para o azar nas duas partidas do confronto.
No jogo de ida, o Vasco já havia escapado de uma derrota feia ainda no primeiro tempo em Goiânia, quando foi para o intervalo atrás no placar por "apenas" 1 a 0, depois de não ver a cor da bola. No fim do jogo, Vegetti deixou tudo igual, tirando a vantagem do Atlético-GO, que seria merecida.
No jogo desta terça-feira em São Januário, a equipe mudou peças e o estilo de jogo: saíram Coutinho, lesionado, e David, por opção técnica, e entraram Payet e Sforza. O volante argentino foi o cabeça de área da equipe, escolhido pela capacidade de ditar o ritmo do jogo, enquanto o meia francês atuou na faixa de criação do ataque, com liberdade da esquerda para o meio. Paiva optou por um 4-3-2-1 no lugar do 4-2-3-1.
A estratégia mirava um Vasco com maior controle de bola e sem ser ameaçado pelo Atlético-GO. No primeiro tempo, deu certo. Sforza controlou muito bem o meio de campo, que teve Hugo Moura com boa atuação, mas Mateus Carvalho mais abaixo, sem conseguir conduzir bolas e quebrar linhas de marcação — função que é necessária em um esquema de três volantes, e que o Vasco sofre para encontrar um substituto desde a lesão de Paulinho.
Na frente, Payet e Adson atuaram com liberdade por dentro, e os laterais foram muito usados no ataque. Em uma jogada com participação de Paulo Henrique, saiu o gol da vitória vascaína por 1 a 0, com Piton pisando na área adversária e sendo decisivo para o Vasco mais uma vez na Copa do Brasil.
No entanto, pelo desgaste físico do time, foi notório que o Vasco sentiu a partida na volta do segundo tempo. Aos 15 minutos, Paiva optou por tirar Payet e Hugo Moura do time. O francês, desgastado, foi substituído por GB, que teria a função de segurar mais as bolas no ataque, o que não aconteceu devido à má atuação do jovem atacante. JP, outro garoto da base, entrou na vaga de Hugo para conduzir e criar no meio, mas também não teve sucesso.
O Atlético-GO cresceu na partida, e o Vasco foi obrigado mais uma vez a mexer: Lucas Piton sentiu, e Victor Luís entrou. Mateus Carvalho, que não fez bom jogo, deu lugar a Galdames. A partir deste momento, o desempenho do time de Rafael Paiva desandou ainda mais, especialmente do meio para frente.
Precisando de vitalidade no meio de campo e um ataque veloz para puxar contra-ataques, o Vasco tinha Sforza na frente da área defensiva, JP e Galdames, com pouca intensidade no meio, e GB ao lado de desgastados Adson e Vegetti — este que sofreu para puxar contra-ataques, jogada que foge totalmente de suas características, e perdeu boas chances. Ou seja, não deu certo — por erros de leituras e falta de opções.
Com o segundo tempo muito abaixo, o Vasco deu chances para o Atlético-GO empatar o jogo no Rio de Janeiro, mas o adversário não soube aproveitar. No entanto, o desempenho na etapa final liga o alerta para um ponto importantíssimo para o restante da temporada: a necessidade de reforçar o elenco.
Na entrevista coletiva, Rafael Paiva deixou claro que tem a intenção de colocar mais jogadores em campo para ampliar as opções do elenco. Apesar de ter recuperado alguns atletas desde que assumiu o profissional do Vasco, Paiva não obteve o mesmo sucesso com Galdames, por exemplo, que mais uma vez não teve boa atuação — o mesmo aconteceu com Zé Gabriel, que entrou contra o Bragantino, falhou no lance do gol de empate do adversário e sequer foi relacionado nesta terça.
A equipe expôs a própria limitação quando o banco precisou ser utilizado, devido ao desgaste dos titulares do Vasco. E o time caiu demais de produção.
O Vasco precisa de opções prontas para o momento da temporada que se aproxima, com jogos decisivos na Copa do Brasil e no Brasileirão, no qual o time não vence há três rodadas e viu a distância para o Fluminense, primeiro time na zona de rebaixamento e próximo adversário. E para ter essas opções, o Vasco precisa contratar. Carências do elenco como opções para o centro da defesa e atacantes de velocidade que cheguem para jogar ainda não foram solucionadas.
Mesmo com problemas, o Vasco teve méritos e se classificou mais uma vez na força de São Januário, com mais uma noite decisiva de Lucas Piton e recorrendo a Léo Jardim quando necessário — o goleiro fez grande defesa em chute de Derek, chance mais clara do Atlético-GO. Outra boa notícia é que a defesa não sofreu gols, o que vinha acontecendo há quatro partidas.
A classificação merece ser muito comemorada pela importância esportiva, financeira e anímica que estar entre os oito melhores da Copa do Brasil proporciona. O Vasco não deve em hipótese nenhuma deixar o Brasileirão de lado, mas deve se permitir sonhar com a aventura no principal mata-mata do país.