O Vasco da manhã desta quinta-feira, dia 16 de maio, é um grande ponto de interrogação. Na noite de quarta, uma decisão liminar da Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o efeito dos contratos com a 777 Partners e devolveu o controle do futebol ao clube associativo. Como ficam as negociações com o técnico Álvaro Pacheco? O que fará o CEO Lúcio Barbosa? Qual será a nova composição do Conselho de Administração?
Até o momento, são muitas perguntas para poucas respostas.
A decisão assinada pelo juiz Paulo Assed Estefan foi publicada exatamente às 21h58 (de Brasília) no processo que corre em segredo de Justiça na 4ª Vara Empresarial do Rio. Ela atende a um pedido feito pelo grupo de Pedrinho, que alegou temer pela situação da SAF diante das notícias da imprensa internacional relacionadas a uma crise financeira da 777.
Na prática, o juiz suspendeu o efeito de dois dos contratos firmados entre os sócios da SAF e retirou os direitos societários das mãos da empresa americana. "A empresa que prometera a salvação através de vultoso aporte de capital e recuperação da sede vascaína (Estádio de São Januário) hoje apresenta-se com situação financeira deficitária e incapaz de cumprir com aquele anúncio e pondo em risco a viabilidade da SAF, principalmente quando se foca no êxito futebolístico", diz um trecho.
O ge apurou que os advogados da 777 devem recorrer ainda nesta quinta-feira na tentativa de derrubar a liminar e retomar o controle da companhia.
E o novo treinador?
Em meio ao imbróglio jurídico entre os seus dois acionistas, o Vasco SAF vive a expectativa de fechar a contratação do treinador que chegaria para assumir o cargo vago desde a saída de Ramón Díaz. O clube tem negociações avançadas com o português Álvaro Pacheco, de 52 anos, que já acertou sua rescisão com o Vitória de Guimarães e está livre para assinar contrato.
Quem toca as conversas com o estafe do treinador é o executivo de futebol Pedro Martins, cujas atribuições a princípio não sofrem nenhuma influência da decisão da Justiça. Ou seja, ele segue batendo ponto no Vasco e pode continuar respondendo e tomando decisões em nome do futebol do clube.
A diferença é que, a partir de agora, na teoria, ele precisaria se reportar a Pedrinho, presidente do Vasco associativo, que por sua vez é o sócio majoritário da SAF. Pedrinho e seus pares vão querer dar sequência à contratação de Álvaro Pacheco? Farão alguma ponderação? Ou mesmo manterão Pedro Martins no cargo?
Como fica a situação do CEO?
Lúcio Barbosa é o atual CEO da SAF do Vasco. Ele é um nome de confiança dos executivos da 777, que o colocaram na cadeira mais importante da empresa - Lúcio antes era CFO, espécie de diretor financeiro. Mas sua relação com Pedrinho tem sido conflituosa.
O presidente do Vasco, desde a campanha nas eleições do ano passado, sempre adotou um discurso de combate à forma como o futebol do Vasco estava sendo administrado. Ele assumiu o clube com o desejo de ter voz nas decisões do futebol e se queixava por ser ignorado pela gestão de Lúcio Barbosa.
Na posição de sócio majoritário da SAF, o Vasco de Pedrinho tem o poder de trocar o CEO, se assim entender. A situação de Lúcio é uma incógnita, portanto.
E o Conselho?
Em sua decisão, o juiz Paulo Assed Estefan determinou o afastamento dos conselheiros indicados pela 777 do Conselho de Administração da SAF. O conselho tem sete cadeiras, cinco delas ocupadas por indicações da empresa americana: são eles Josh Wander, Andres Blazquez, Donald Dransfield, Nicolas Maya e Steven Pasko.
Pedrinho e seu vice, Paulo César Salomão, ocupam as cadeiras indicadas pelo Vasco associativo. Diante do afastamento dos executivos, o Conselho, a princípio, teria que convocar uma reunião para deliberar sobre os seus novos membros. Quem seriam os indicados por Pedrinho?