Qualquer análise em cima da derrota por 1 a 0 para o Grêmio, no domingo, precisa levar em consideração as condições muito ruins do gramado da Arena Condá. Com a chuva forte que caiu em Chapecó, o time com a melhor estratégia venceu. Dito isto, faltou leitura ao Vasco para usar o campo ao seu favor, algo que o Tricolor fez bem.
Rafael Paiva fez duas mudanças na escalação, promovendo a estreia de Philippe Coutinho como titular e colocando Emerson Rodríguez no lugar de Adson, poupado. O gramado encharcado não favoreceu o jogo do camisa 11, já que os dois times tiveram muita dificuldade para colocar a bola no chão.
O Grêmio entendeu isso cedo e viu que a bola aérea seria o caminho mais fácil para a vitória. O time bombardeou a área do Vasco com cruzamentos, e o time de Paiva se virou como pôde - Léo Jardim e Maicon apareceram bem nesses momentos.
Quem não foi bem foi Lucas Piton - o lateral sofreu com as investidas de Soteldo e Pavón e deixou os tricolores fazerem a festa pelo seu lado. O camisa 7 fez o inferno na defesa do Vasco.
O time carioca não escolheu a melhor estratégia. Tentou sair jogando e se complicou com as poças d'água. As condições fizeram a estreia de Coutinho como titular "flopar". Com o passe e a bola parada como maiores trunfos, o meia não fez a diferença. Errou oito dos 15 passes que tentou.
A ideia do Vasco era sair no contra-ataque, mas não encaixou nenhum com Emerson Rodríguez e David. O colombiano teve duas boas chances de contra-atacar, mas foi muito mal nas duas. Em uma delas, sozinho, o atacante errou o passe.
O lamaçal não era propício para o jogo que o Vasco propôs, de conduzir a bola. Desta forma, o time não conseguiu sair do sufoco do Grêmio. A primeira boa tentativa foi em finalização de fora da área de Coutinho, aos 28 minutos, mas o meia chutou fraco. Em um dos únicos cruzamentos no primeiro tempo, Pablo Vegetti acertou a trave, aos 41.
Impossibilitado pelo gramado, Coutinho saiu no intervalo para a entrada de Payet. A volta do francês após quatro jogos fora por lesão foi uma boa notícia, mas ele também não conseguiu produzir. Foi melhor que o camisa 11 e achou mais cruzamentos, mas o jogo técnico da dupla de meias não tinha lugar em Chapecó. O caminho era os lados do campo, e quem explorou melhor foi o Grêmio.
O Vasco não conseguiu impedir o adversário aos 11 minutos do segundo tempo. Léo falhou na disputa pelo alto com Cristaldo no meio-campo, e Maicon chegou de carrinho, mas sem tempo de bola, em Pavón. De argentino pra argentino e depois para Soteldo. O venezuelano finalizou entre Rojas e Paulo Henrique, que tentaram fechar o chute na área, e a bola morreu no canto esquerdo de Léo Jardim. Prêmio para o melhor jogador em campo.
No fim, as escolhas do Vasco não deram certo. Rafael Paiva tirou Emerson Rodríguez e colocou mais um zagueiro, mas não conseguiu soltar os laterais. David nada produziu na frente e não havia substituto que pudesse fazer a diferença. O técnico optou por mais um centroavante - GB -, e o caminho para um resultado melhor foi ignorado.
Números de Grêmio x Vasco:
Posse de bola: 54% x 46%
Finalizações: 20 x 12
Escanteios: 8 x 3
Passes errados: 91 x 109
Desarmes: 12 x 18
Faltas cometidas: 13 x 13
Venceu quem se adaptou primeiro às péssimas condições do campo e quem fez a leitura certa. O Vasco sofreu pelos lados do campo, tanto defensiva - com Piton em má noite - quanto ofensivamente, com os pontas improdutivos em Chapecó.
Fica a expectativa pela real estreia de Philippe Coutinho, que ainda não entrou nas melhores condições. A derrota não pode ser tirada do contexto do gramado. Agora o Vasco olha para a Copa do Brasil, com o Atlético-GO pela frente na quarta-feira que vem, às 21h30, em Goiânia, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil.