A primeira pergunta que foi feita ao técnico Maurício Barbieri na entrevista depois da eliminação do Vasco na Copa do Brasil foi sobre a possibilidade de o resultado trazer um choque de realidade a São Januário. Não chega a tanto porque concordar com esse conceito de baque é admitir que tudo que aconteceu antes da vitória do ABC nos pênaltis não passou de resultados ilusórios.
Nem é o caso. É verdade que o Vasco encarou times muito fracos no Carioca e na primeira fase da Copa do Brasil. Eles foram facilmente derrotados, a grande maioria. Foram cinco gols no Resende, quatro no Trem (AP) e mais quatro no Boavista.
Mas, em compensação, o Vasco teve três partidas contra adversários da primeira prateleira do país. Venceu uma, contra o Flamengo, perdeu outra, também para o rubro-negro, e somou revés diante do Fluminense - o jogo contra o Botafogo, vencido, não conta pelo contexto de o alvinegro ter ficado com dois jogadores a menos ainda no primeiro tempo.
Nos clássicos contra a dupla Fla-Flu, o Vasco venceu um e teve atuações consistentemente boas em dois. Em comum, a boa capacidade da equipe, de maneira organizada, colocar em prática o plano de jogo traçado por Maurício Barbieri. Rivais que ofereçam dificuldades semelhantes a Flamengo e Fluminense não faltarão na temporada e o Vasco parece estar bem encaminhado para se virar dentro desse contexto.
O que torna a partida contra o ABC tão valiosa é justamente o fato de ter sido um duelo com adversário cujo perfil o Vasco ainda não tinha encontrado em 2023. A equipe potiguar está no meio do caminho entre as equipes mais frágeis do Carioca e as mais fortes.
O Vasco encarou um time com linhas bem baixas e capacidade para exercê-las muito bem. O próprio Barbieri reconheceu, ao longo da entrevista pós-jogo, que o Vasco se comportou mal diante da dificuldade imposta pelo time popular.
Essa é a novidade que o empate com o ABC trouxe. É bem provável que o Vasco, ao longo do Brasileirão, encontre outras retrancas tão ou mais fortes que a da partida de quinta-feira. Especialmente quando jogar em São Januário. E o time da Colina ainda não sabe como lidar com elas. Nesta quinta-feira, abusou dos lançamentos para Pedro Raul, dos cruzamentos na direção da pequena aérea, na esperança que uma cabeçada santa aparecesse. Não foi o caso.
Na eventualidade de as estratégias coletivas não funcionarem, sempre haverá a chance de o Vasco conseguir desequilibrar as partidas com a jogada individual de alguém. Se os titulares não estiverem especificamente inspirados, caberá ao banco de reservas.
Contra o ABC, Maurício Barbieri olhou para os suplentes à disposição e mexeu, em busca desse jogador que pudesse tirar um coelho da cartola. Nem Erick Marcus, nem Orellano deu conta. Nenê, aos 41 anos, também não foi páreo à defesa do edifício.
Ficou o recado de que o Vasco precisa reforçar o elenco para o restante do ano e não apenas tentar garantir os pontos com os jogadores que estão lá, à disposição. O grupo é bem limitado de peças, mesmo com 13 contratações novas até agora. A diferença é que, disso, o Vasco e os vascaínos já estão carecas de saber.