Futebol

Análise: A nova urgência do Vasco no Campeonato Brasileiro

O Vasco teve uma atuação pobre ofensivamente na partida contra o Cruzeiro, e este foi um dos principais motivos pelos quais a partida terminou em 0 a 0, na noite deste domingo, em São Januário. Se a equipe de Álvaro Pacheco sofreu para criar no ataque, ao menos não foi ameaçada pelo rival, como nas rodadas contra Flamengo e Palmeiras.

Estancar a sangria da defesa era o principal para começar a partida. O Vasco foi bombardeado nas duas primeiras rodadas sob o comando de Álvaro Pacheco, nas quais sofreu mais de 50 finalizações em dois jogos. O remédio parecia já ser claro: mudar o esquema de três zagueiros e apostar em um meio de campo mais preenchido. E Álvaro Pacheco acatou.

O treinador português mudou radicalmente o esquema e os jogadores utilizados. Com muitos desfalques — inclusive o de Lucas Piton, por problemas gástricos, minutos antes da partida começar —, Álvaro apostou em um 4-3-3, com Adson e Rossi nas pontas e a novidade JP no meio de campo, com Zé Gabriel à frente da área.

O ambiente de São Januário era de protesto desde antes da bola rolar, com xingamentos e vaias direcionadas aos jogadores e ao treinador durante o aquecimento do Vasco. Por falta de confiança, os atletas no primeiro tempo aparentavam insegurança para colocar a bola no chão. O time abusou das bolas longas para Vegetti se virar na frente, e a equipe foi um deserto de ideias nos primeiros 45 minutos.

— Vimos de dois jogos que tivemos resultados que não gostaríamos. A equipe entrou nervosa, mas cresceu durante o jogo. Na primeira parte faltou celeridade, capacidade de decisão — disse Álvaro Pacheco na entrevista coletiva após a partida.

A primeira finalização do Vasco só aconteceu aos 31 minutos da etapa inicial, em um chute de Victor Luís, grata surpresa na partida deste domingo. Até então, o Cruzeiro tinha o controle do jogo, mas ameaçava a equipe de Álvaro Pacheco apenas com chutes de fora da área e ultrapassagens de laterais.

No entanto, o Vasco, como um todo, estava mais compacto, com menos distância entre as linhas da equipe. A partida também contou com uma boa atuação de Léo e Maicon, que não vinham em boa fase. Os dois fizeram um jogo firme e decidido nas disputas.

Zé Gabriel e Victor Luís também se destacaram na defesa — cada um completou cinco desarmes no jogo, segundo o Footstats. Somados, fizeram 10, quase o mesmo número de desarmes do Cruzeiro em toda a partida (11).

Segundo tempo: aumento de ímpeto e melhores chances

Álvaro Pacheco voltou do intervalo com a mesma formação, mas a postura da equipe foi diferente. O Vasco voltou a campo com mais sede de vitória e senso de urgência. O meio de campo foi mais participativo na distribuição das jogadas, o que potencializou as atuações de JP e Galdames, bem no segundo tempo, mas discretos na etapa inicial.

Os laterais também foram mais utilizados no apoio, mas pecaram no momento dos cruzamentos para Vegetti. O atacante argentino é a referência da equipe no ataque e tem como uma das principais armas o cabeceio, mas o Vasco foi refém disso em boa parte do jogo — o que tornou o time previsível.

A primeira grande chance do Vasco no segundo tempo foi com Vegetti. O atacante cabeceou, em escanteio cobrado por Rossi, mas parou em uma boa defesa de Anderson. Era necessário mais que os cruzamentos na área para a equipe vascaína ser mais perigosa na frente.

A entrada de David em Rossi se justifica por isso, mas o atacante não entrou bem no jogo, ao errar decisões e jogadas simples. No entanto, com a entrada dele na partida, Adson foi deslocado para a ponta direita, onde está mais habituado a jogar. Assim, o Vasco ficou mais no campo de ataque.

O grande momento do Vasco na partida foi aos 30 do segundo tempo, quando Zé Gabriel parou em Anderson, após desvio de Vegetti em escanteio cobrado na primeira trave, na melhor chance da equipe vascaína no jogo.

Pontos positivos e negativos

O resultado não foi o ideal, assim como a atuação do time do Vasco. A vitória seria justa, como Álvaro Pacheco disse, pela quantidade de finalizações que a equipe fez, que pararam em boas defesas do goleiro do Cruzeiro. Mas o time ainda se mostrou bem pobre na parte ofensiva, nervoso para sair de trás com a bola, com pouca capacidade de controlar o jogo ao seu favor e dependente de Vegetti para finalizar as jogadas.

Há de se ressaltar que haviam urgências claras para esta partida, como parar de sofrer gols e voltar a pontuar no Brasileirão. Esta foi a primeira vez que a defesa do Vasco não foi vazada em nove rodadas da competição. O Cruzeiro sentiu falta de Matheus Pereira, principal jogador do time, assim como a equipe de Álvaro Pacheco sentiu a ausência da referência técnica Payet.

Agora, a urgência deve ser voltar a vencer na competição. O Vasco tem sete pontos no Brasileirão e está na 15ª posição, mas apenas um ponto na frente do lanterna Vitória. Na zona de rebaixamento, ainda há Grêmio e Criciúma, ambos com dois jogos a menos que o time de São Januário.

Além de não sofrer gols, pode-se tirar de positivo a melhora de jogadores que vinham mal, como Maicon, Léo e Galdames, que fizeram boas atuações e podem ganhar confiança, e a troca do sistema de três zagueiros para o 4-3-3 — no qual o meio de campo fica mais povoado e menos vulnerável.

O próximo desafio será nesta quarta-feira, às 20h, contra o Juventude, no Alfredo Jaconi. Apesar da dificuldade em vencer fora, o Vasco precisa voltar a vencer no Brasileirão para dar mais tranquilidade ao torcedor vascaíno e ao trabalho de Álvaro Pacheco. A missão não será fácil, ainda mais com Vegetti suspenso, mas o time precisa pontuar contra um adversário direto da parte inferior da tabela.

Fonte: ge
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