A gestão de Pedrinho completou um ano, nesta quinta-feira, no comando do futebol do Vasco. Se em maio do ano passado o cenário era de crise dentro do futebol, com a saída de Ramón Díaz e a chegada catastrófica de Álvaro Pacheco, a retirada da 777 aliviou o clima e trouxe novos ares ao time, que embalou com Rafael Paiva e fez um 2024 tranquilo. Depois de 365 dias, o cenário dentro de campo voltou a ser caótico.
O Vasco não vence há nove jogos na temporada, e a pressão em cima da gestão de Pedrinho é grande neste momento em que o presidente é questionado após duas janelas de transferências sem sucesso. Outros problemas como as vendas de mando de campo, a montagem do departamento de futebol e o insucesso na venda da SAF também são pontos de crítica.
O ge faz uma linha do tempo do período de Pedrinho à frente do Vasco. Veja os pontos mais decisivos na gestão até aqui.
A reformulação não foi imediata. Pedrinho não vetou a contratação de Álvaro Pacheco, que já estava sendo finalizada na gestão anterior. O CEO Lúcio Barbosa e o diretor de futebol Pedro Martins foram mantidos em seus cargos. Um mês depois, os três não estariam mais no clube.
Junho de 2024: primeiras mudanças
No dia 20 de junho de 2024, Pedrinho iniciou suas primeiras mudanças no Vasco: a nomeação de Felipe para o cargo de diretor técnico e a demissão do treinador Álvaro Pacheco. O português foi desligado do time após uma sequência de quatro jogos sem vitórias no Brasileirão, entre elas a maior goleada sofrida para o Flamengo na história: 6 a 1, no Maracanã, que revoltou a direção vascaína.
Além da saída de Álvaro Pacheco, Pedro Martins, então diretor de futebol, foi demitido. Lúcio Barbosa e Kátia dos Santos, que ocupavam até então os respectivos cargos de CEO e CFO da SAF, trazidos pela 777 Partners, entregaram seus cargos e saíram do Vasco.
Nos primeiros dias de julho de 2024, Marcelo Sant’Ana, Carlos Amodeo e Raphael Vianna foram anunciados como diretor de futebol, CEO e CFO, respectivamente. A nova formação instalava um departamento inteiramente escolhido por Pedrinho
Para o cargo de técnico, a solução estava em casa e foi sugerida por Felipe: Rafael Paiva, comandante do Sub-20 do clube. O Vasco embalou uma sequência de vitórias e boas atuações, que trouxeram calma e confiança para o futebol em São Januário.
Julho a setembro: "pacote Coutinho" e janela ineficiente
O Vasco entrou na janela com uma prioridade definida: a contratação de um zagueiro. Em meio às lesões de Adson e David, as pontas viraram preocupações. O time só tinha Emerson Rodríguez e improvisava Puma e Leandrinho no ataque. A gestão contratou Jean David e Maxime, que não deram certo e não corrigiram os problemas do Vasco.
Coutinho foi contratado em um momento em que a chegada do cria da Colina empolgou os torcedores. O camisa 11 ainda não entregou o esperado, apesar de ser titular do time e ter algumas boas atuações neste período. As voltas de Souza e Alex Teixeira tornam o "pacote Coutinho" ainda mais caro a cada jogo do Vasco que passa.
Outubro a dezembro: crise com Rafael Paiva
A boa campanha no Brasileirão e a chegada do clube até as semifinais da Copa do Brasil foram os melhores resultados do Vasco em algum tempo na elite do país. A equipe teve classificações emocionantes contra Fortaleza e Athletico Paranaense nos pênaltis e quebrou alguns tabus no Brasileirão, como as quatro vitórias seguidas e o fim do jejum contra o Corinthians. O sonho da Copa do Brasil acabou contra o Atlético-MG nas semifinais.
O treinador, sem apoio do vestiário, engatou uma sequência ruim de resultados e foi demitido na reta final de 2024. Felipe assumiu interinamente até o fim do Brasileirão.
Dezembro a fevereiro: novelas por técnicos e reforços
Renato Gaúcho, Brian Rodríguez, Bruma, Cuello, Rony… não foram poucas as novelas que se arrastaram no período de dezembro a fevereiro. O Vasco teve dificuldades para encontrar um técnico para comandar o time em 2025 e fechou com Fábio Carille após negativas de Renato Gaúcho e outros nomes sondados. Carille em nenhum momento foi o preferido da direção para o cargo e não gozava de muito prestígio.
As novelas de Bruma e Brian Rodríguez tiveram longas conversas e um final nada feliz para o Vasco, que perdeu os dois jogadores nas retas finais das negociações por motivos diferentes. O português não veio porque o Benfica atravessou o negócio, enquanto o uruguaio não foi liberado pelo América do México após um acerto financeiro entre as partes. Nuno, Garré e Loide chegaram para o ataque, mas só o português vingou até aqui.
Outra novela foi a negociação de Maurício Lemos, que teve os primeiros capítulos no meio de 2024. A contratação do zagueiro, em tese, era para solucionar um problema defensivo crônico do Vasco, mas o defensor praticamente não jogou até aqui. A equipe não deu o salto de qualidade esperado pelo torcedor após mais uma janela de transferências.
Março a maio: dos resultados na média aos vexames e a crise
O Vasco foi eliminado no Carioca jogando mal contra o Flamengo, mas cumpriu o papel de, ao menos, chegar às semifinais da competição. No início do Brasileirão, o time fez o dever de casa e venceu os jogos em São Januário, mas perdeu todos fora. Avançou na Copa do Brasil sem grandes dificuldades e teve campanha decepcionante com Carille na Sul-Americana.
Sem prestígio desde que foi contratado, e com coletivas que jogaram contra a própria popularidade, Carille foi demitido após uma de suas melhores semanas de desempenho, em um empate contra o Flamengo em 0 a 0, empate contra o Lanús e derrota para o Cruzeiro. Felipe assumiu interinamente, e o Vasco encadeou as suas piores atuações na temporada, mal contra o Operário e fazendo vexame contra Puerto Cabello e Vitória.
A crise despertou uma reformulação no futebol do Vasco. Marcelo Sant’ana foi demitido do cargo de diretor de futebol, enquanto Felipe terá o trabalho avaliado pelo novo técnico anunciado Fernando Diniz e o futuro executivo do departamento.
Fora de campo...
Recuperação Judicial
No fim de fevereiro, o Vasco iniciou formalmente a reestruturação de suas dívidas, estimadas pelo clube na casa de R$ 1,12 bilhão. Elas serão levadas a uma renegociação coletiva, mediada pela Justiça, com todos os seus credores.
O regime de recuperação judicial sempre foi tratado por Pedrinho e seus diretores como fundamental dentro do processo de reestruturação financeira que está em andamento no clube. A gestão acredita que essa é a forma mais segura e eficiente de atacar as dívidas.
Revenda da SAF
Se há um ano a ideia era revender a SAF para a Crefisa, o Vasco neste momento não tem conversas avançadas ou propostas de nenhum investidor. O clube tem interessados na compra, mas as conversas com o grego Evangelos Marinakis, o italiano Andrea Radrizzani, com grupos russos, árabes e americanos não avançaram até aqui.
Nos próximos dias, o Vasco deve anunciar a parceria com a G5 Partners, empresa que presta diversos serviços e vai se encarregar de ir ao mercado atrás de propostas para a venda do futebol do clube.
Reforma do CT
O Vasco separou um orçamento no início do ano para a reforma do CT Moacyr Barbosa. Os valores giram em torno dos 25 a 30 milhões de reais. A ideia é que as obras acelerem no segundo semestre, com a instalação de área molhada para os atletas e ampliação do uso da área disponível.
Com o projeto arquitetônico encaminhado, o clube aguarda apenas a retirada das licenças e ajustes burocráticos para começar as obras que vão avançar sobre a área inexplorada do terreno cedido ao clube pela Prefeitura do Rio.
Linha do tempo